Horácio Bento de Gouveia escreveu:“O Natal é a coluna da Memória”.
O mês de dezembro na Madeira é vivido de forma intensa…logo nos primeiros dias do mês, começam os preparativos para a “Festa”. A “Festa” era tão importante que servia como forma de marcar o tempo, para referenciar acontecimentos as pessoas diziam: foi há quatro anos antes do mês da “Festa. A “Festa” na Madeira corresponde ao período que decorre entre 8 de dezembro e 15 de janeiro.
Ao longo desta época cria-se uma azáfama nos lares madeirenses…que antigamente passava pelo caiar e limpeza das casas, como que a preparar para uma época especial na qual a casa e a sua decoração assumem um papel preponderante, não fosse a “Festa” um momento particular de vivenciar e usufruir da casa e nela receber os familiares, na tão tradicional visita onde se questiona se “o menino mija?”. Relembro perfeitamente o que se passava na minha casa…no dia 8 de dezembro, celebração da festa da Nossa Senhora da Conceição, eram semeadas as searinhas de trigo em recipientes de plástico…o dia da morte do porco era também por aqueles dias, era uma alegria e uma azáfama…vinham homens de fora para fazer a “função do porco”.
Dessas “Festas”da minha infância chegam memórias…relembro perfeitamente o que se passava na minha casa…no dia 8 de dezembro, celebração da festa da Nossa Senhora da Conceição, eram semeadas as searinhas de trigo em recipientes de plástico…o dia da morte do porco era também por aqueles dias, era uma alegria e uma azáfama…vinham homens de fora para fazer a “função do porco”. A elaboração do presépio feito de troncos e caixas de madeira forradas com papel pardo pintado com vioxene, no nosso quarto de jantar, feito de forma criteriosa pela minha irmã no qual eu também colaborava. A “lapinha” era feita sempre no dia 8 de dezembro. A árvore de Natal era um pinheiro natural que o meu irmão ia buscar à serra que depois decorávamos com espiguilhas coloridas e bolas brilhantes dos mais variados tamanhos terminando por colocar no cimo do pinheiro uma estrela.
Relembro perfeitamente o que se passava na minha casa…no dia 8 de dezembro, celebração da festa da Nossa Senhora da Conceição, eram semeadas as searinhas de trigo em recipientes de plástico…o dia da morte do porco era também por aqueles dias, era uma alegria e uma azáfama…vinham homens de fora para fazer a “função do porco”.
Faziam-se as broas de mel, o bolo de mel, o bolo de família, as cavacas, os “coquinhos” (broas de coco ) e as rosquilhas de manteiga…a nossa cozinha com forno a lenha enchia-se de doces cheiros e saborosos odores. Tudo isto era sempre acompanhado pela companhia da rádio que transmitia canções natalícias criando um ambiente alegre e festivo dentro daquela cozinha que se tornava mais acolhedora particularmente nos dias mais frios desta época.
Licores fazíamos o licor caseiro de tangerina…as cascas eram colocadas em infusão num frasco de boca larga em álcool, num frasco apropriado para fazer licor. Parece que ainda sinto o maravilhoso cheiro do pão caseiro amassado pela nossa mãe e da deliciosa bola de carne que ela fazia com a carne de porco de vinha e alhos.
A 16 de dezembro começavam as “Missas do Parto” que nessa época tinham um cariz religioso muito forte e que reuniam muita gente que vinha em grupos e a pé de outros sítios da freguesia.Isto numa altura em que não haviam os convívios após as missas e que se não fosse a pandemia este ano iriam acontecer.
Este elencar de momentos associados a esta quadra natalícia, faz me pensar que não haverá madeirense que se preze que não goste do mês da “Festa”!