O projecto de requalificação do Largo da Achada, na Camacha, prevê redução superior a um terço das actuais áreas de zonas verdes, assim como, da área dedicada ao parque infantil. A constatação/conclusão é de André Nóbrega, um dos responsáveis pela Petição Pública para consulta e revisão do referido projecto, que esta segunda-feira teve finalmente acesso a “alguns elementos do projecto de Requalificação do Largo da Achada” partilhado pela Câmara Municipal de Santa Cruz.
Em jeito de relatório preliminar relembra que ao longo de todo este processo o Executivo do Município de Santa Cruz tem vindo assegurar “que nenhum do coberto vegetal do Largo da Achada será reduzido” e que “toda a intervenção que ali está a ser feita não pretende ir contra a memória de ninguém, mas tão só valorizar todos os elementos históricos”. Contudo, após análise de algumas das plantas integrantes do projecto, esta semana disponibilizadas pela autarquia, por serem alegadamente a base para a intervenção em curso no Largo da Achada, André Nóbrega chega à conclusão que “as garantias dadas pelo Executivo voltam a não ser coerentes com os elementos apresentados nestas plantas”, denuncia.
Pela avaliação feita, estima que a redução de ‘verde’ ronde os 955m2, ou seja, “39% face à dimensão actual”.
O mesmo diz acontecer com “a área dedicada ao Parque Infantil”, que contabiliza menos 118m2, ou seja, “menos 37% face à área original”. Neste caso com o acrescido constrangimento da nova localização ser “adjacente ao ringue multidesportivo, expondo crianças com menos de 10 anos a bolas perdidas que podem causar acidentes, assim como a linguagem menos própria para crianças”, adverte.
Destaca outros três aspectos. Primeiro para lamentar que em vez da regularização “o piso em pedra, típico da história da ilha da Madeira, desaparece”. Já sobre a prometida valorização de elementos históricos, em particular do Monumento ao Futebol, espera que o demolido muro que faz parte do elemento escultórico venha a ser adequadamente ‘remontado’, e que a prevista a instalação de mobiliário que contempla bancos com encosto, seja alterada para bancos com encosto por serem “os mais adequados à população mais sénior que procura no Largo da Achada uma zona de passeio, lazer, convívio e descanso”.
Na opinião de André Nóbrega, as garantias dadas pelo Executivo voltam a não ser coerentes com os elementos apresentados nas plantas do projecto, com particular impacto para a “redução dos espaços verdes e da zona dedicada ao parque infantil”, confirmando assim muitas das preocupações manifestadas.
A julgar pela informação disponibilizada “o Largo da Achada ficará mais pobre em áreas verdes, em elementos culturais, zonas de lazer e espaço seguro dedicado às crianças”.
Ainda assim faz um desafio ao Município de Santa Cruz. “Partilhe as plantas finais, com memórias descritivas, e de que explique a sua visão sobre a intervenção que estão a fazer no Largo da Achada, sem acusações de intenções políticas por parte dos Camacheiros que nunca se opuseram a uma reabilitação daquele espaço, mas que querem que a intervenção seja feita com critério e cuidado pela sua identidade”.
Leia mais sobre este assunto na pág. 2 a edição impressa do DIÁRIO desta quarta-feira, dia 3 de Março.