Mês de junho…um mês que para nós em crianças tinha um significado muito especial…era o fim das aulas! Os três meses seguintes eram as “férias grandes”, sinónimo de mais brincadeiras, festas, passeios, visitas de familiares que se encontravam na África do Sul, no meu caso concreto.
Mas este mês era e continua a ser conhecido pelo mês dos Santos Populares.
Nessa época os festejos eram muito mais alegres e divertidos, não existiam as diversões de hoje em dia. Dos três Santos, na Ponta do Pargo, festejava-se o S. João, mas particularmente o S. Pedro que sendo o orago da freguesia era naturalmente o santo mais festejado. O S. António era festejado no mês de agosto.
No S. João faziam-se grandes fogueiras em que toda a gente saltava. Era também tradição enfeitar as portas com flores e canavieiras. Havia também a tradição de alguns jogos ou “sortes”, como o “Jogo do ovo”, em que as raparigas deitavam a clara de um ovo num copo com água. Se aparecesse a figura de uma igreja era sinal de casamento, quando no copo ficava a figura de um barco, era sinal de embarcar.
No “Jogo da Bananeira”, a rapariga espetava a faca na bananeira e, no momento de a retirar na faca, vinha o nome do rapaz com quem mais tarde se casaria. No “Jogo dos papéis” escrevia-seem cada papelinho o nome dos rapazes de quem se gostava. Mais tarde, o papel que estivesse aberto mostrava o nome do futuro namorado. A gastronomia não podia faltar com o atum de escabeche acompanhado de semilhas, feijão, maçarocas e vinho.
Relembro os grandes arraiais de S. Pedro cujos festeiros eram sobretudo emigrantes da África do Sul e da Venezuela, num período em que aqueles países da diáspora eram quase “El dorados”! A Banda do Paul, os grupos musicais, como os Galáxia e o grupo de folclore da freguesia garantiam a animação musical. O centro da freguesia era grandemente enfeitado com a tradicionais bandeiras e flores de plástico dos arraiais madeirenses! Comprava-se os típicos colares de rebuçados; nas barracas, feitas de varas e verdura, fazia-se e vendia-se espetada acompanhada de vinho com laranjada.
Os festejos dos Santos populares bem como os arraiais de verão, eram vividos de forma intensa pelos locais e pelos filhos da terra que, emigrados ,regressavam para as tão desejadas férias na sua terra natal.