Cansado de esperar, o presidente da Junta de Freguesia do Curral das Freiras desafia Governo Regional e Câmara Municipal de Câmara de Lobos a se entenderem para que a reclamada Unidade Local de Protecção Civil seja concretizada o quanto antes.
Anunciada no já ‘longínquo’ Verão de 2016, passados oito anos a prometida criação da tão desejada Unidade Local de Protecção Civil, prevista ser instalada na antiga Escola ‘Primária’ no centro da freguesia, continua a não passar das intenções.
Farto de tanto esperar, Manuel Salustino, o autarca/bombeiro lembra que a Unidade Local de Protecção Civil no Curral das Freiras é uma ideia lançada pelo próprio e pelo ex-presidente de Câmara, Pedro Coelho, mas financeiramente prometida pelo actual secretário que tutela a Protecção Civil, Pedro Ramos.
Na prática “seria um espaço dedicado à protecção civil na freguesia do Curral das Freiras, lugar que é uma bacia de riscos e representa assim um conjunto de riscos naturais que em situações de calamidade como aquela que aconteceu em Agosto último causado pelos incêndios onde no dia 17 Agosto foi um dos nossos piores dias ao ponto de ninguém se sentir seguro e esteve presente o medo de ficarmos completamente isolados, e estes cenários colocam toda uma população em sobressalto”, refere Manuel Salustino.
Dá conta que esta estrutura de protecção civil com a Unidade de protecção civil já regulamentada pelo Serviço Municipal de Protecção Civil prevista ser colocada na antiga escola do 1.º ciclo no centro da freguesia, “permitiria criar condições de formação ao risco à população, seria um espaço de alojamento urgente e ainda colocava neste espaço os bombeiros locais que existem há 24 anos dentro de uma garagem com o apoio logístico da Junta de Freguesia local”, aponta.
Para Manuel Salustino “o adiar deste projecto tem vindo a causar um mau estar à população e aos elementos do destacamento da responsabilidade do Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos, porque tirando o actual presidente da Junta do Curral das Freiras, agente de protecção civil porque também é bombeiros, mas tem ainda a responsabilidade da protecção civil da sua freguesia, mais ninguém se mostra preocupado com a freguesia no que diz respeito a esta estrutura que seria de mitigação e prevenção na segurança da população mas também daqueles todos que visitam a freguesia”, salienta, uma vez que as calamidades podem ocorrer quando menos de espera, num qualquer dia e a qualquer hora.
Razão para Manuel Salustino, que na condição de presidente de Junta está no último ano de mandatos (3), ter aproveitado a Festa da Castanha para voltar a reivindicar a Unidade Local de Protecção Civil. Lamenta não ter tido – nem a população que representa e estava presente em número significativo no evento – pronta resposta por parte do secretário regional Pedro Ramos nem do actual presidente da Câmara Municipal Câmara de Lobos, Leonel Silva, sendo que ambos discursaram após a intervenção do autarca anfitrião.
O mesmo ‘silêncio ensurdecedor’ para os curraleiros verificou-se menos de 24 horas depois, quando os mesmos protagonistas políticos, Leonel Silva e Pedro Ramos, discursaram na cerimónia comemorativa dos 75 anos dos Bombeiros de Câmara de Lobos.
Embora presente na condição de bombeiro, Manuel Salustino confessou não ter apreciado nova desfeita do poder governativo à legítima reivindicação das gentes do Curral das Freiras.
Omissão que diz só contribuir “para aumentar o descontentamento da população do Curral das Freiras sobre esta matéria”.
Enquanto autarca, diz ter assistido “a um discurso cheio de nada. Nem uma vírgula sobre esta necessidade desta estrutura na bacia de risco e isolamento de uma freguesia como o Curral das Freiras. Ao contrário tiveram foi a necessidade de pedir um quartel novo em substituição do actual que nem tem 20 anos”, critica.
Agastado com o alegado ‘desprezo’ dos responsáveis políticos, conclui: “Caso para dizer que a população do Curral das Freiras está por sua conta no que confere a eventuais cenários de calamidade e os bombeiros actuais estão bem dentro de uma garagem, o que é um absurdo e um desrespeito a estes homens que no sábado – comemoração do aniversário dos Bombeiros – foram mais uma vez esquecidos”.
Declarações incisivas prestadas na qualidade de presidente da Junta de Freguesia. “Assumo tudo o que digo e faço porque eu sirvo e defendo a minha população acima de tudo e todos e do meu interesse pessoal. E acima do meu interesse pessoal, neste caso, da profissão de bombeiro”, conclui.
Leia mais sobre a razão desta insatisfação que alastra no Curral das Freiras na edição impressa – página 2/Freguesias – desta quarta-feira, dia 13 de Novembro, do seu DIÁRIO!