A qualidade de vida é reconhecida por muitos moradores de Gaula, mas a chegada das eleições autárquicas de Outubro traz à tona críticas à governação local e preocupações com o futuro da freguesia. Com quase quatro mil habitantes, Gaula é o berço do JPP – o único partido fundado na Madeira e fora dos grandes centros urbanos –, o que lhe confere um papel político singular e torna mais exigente o escrutínio ao executivo da Junta, actualmente liderado por aquele partido.
Os testemunhos recolhidos pelo DIÁRIO mostram um território dividido entre o apreço pelo quotidiano e o descontentamento com a acção política. Há quem valorize a tranquilidade, os serviços e a vizinhança, como Analídio Gonçalves e Manuel Freitas, que se dizem satisfeitos com a vida na freguesia. Outros, como José Fernandes e Duarte, manifestam receios sobre o crescimento desordenado, o declínio da agricultura, promessas por cumprir e a falta de respostas da Junta a problemas concretos.
Entre as críticas à estagnação, à ausência de investimento e ao distanciamento dos eleitos, cresce a expectativa quanto ao sufrágio. Gaula continua a ser um território politicamente simbólico, onde o voto é, para muitos, um gesto de exigência e vigilância democrática.