O centro de São Roque do Faial é local de passagem. Os carros de rent-a-car e as carrinhas de turismo ‘sobem e descem’ pela freguesia, tendo como destino de eleição o Ribeiro Frio, que tem vindo a atravessar alguns problemas a nível de estacionamento, o que leva ao congestionamento do trânsito nessa zona. É, sem sombra de dúvida, a zona da freguesia que mais movimento reúne ao longo de todo o ano.
Mas a azáfama do Ribeiro Frio e do miradouro dos Balcões contrasta com a calmaria que se vive nas imediações da igreja paroquial. Não se vê praticamente ninguém aquando da passagem da nossa reportagem. Ouvem-se os pássaros e os carros a passar.
Manuel Nunes, apoiado numa bengala, descansa à beira da estrada, junto a um tereno cultivado, que se presume ser para subsistência. O sotaque carregado não deixa enganar: esteve imigrado vários anos na Venezuela. Viveu uma vida longe da Madeira, foram 70 anos fora, e regressou há cerca de três, para ter apoio da família, agora que a mulher enfrenta vários problemas de saúde.
Em São Roque do Faial encontrou a calma e tranquilidade que não tinha na Venezuela. No entanto, aponta que “falta muita coisa na freguesia”. “Quando precisamos de algo vamos ao Faial ou a Santana”, assume o homem. Uma farmácia e um supermercado, no seu entender, seriam benéficos para a freguesia. Além disso, era necessário revitalizar a oferta de serviços como aqueles ligados à restauração, a fim de conseguir que quem está de passagem, pare e usufrua de São Roque do Faial.
Continuamos caminho e encontramos José de Freitas. No seu passo lento, desce a Estrada D. Maria II. Conta ao DIÁRIO que o passo lento deve-se a uma operação que fez recentemente. Quando questionado sobre o que falta em São Roque do Faial, encolhe os ombros e diz que “não pode pedir nada”, porque “mesmo que a gente peça, eles não dão”. “A verdade é que não caminho de casa”, admite o homem que viveu toda a sua vida nesta freguesia. Lamenta a falta de movimento e de juventude que possa cuidar do campo e dos animais.
“Eu cá tenho ovelhas e vou agora apanhar erva para lhes deitar”, explica, enquanto segue caminho rumo a uma vereda de acesso a outros terrenos.
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