Ricardo Faria
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Nos últimos dias iniciou-se, novamente, a discussão sobre o dia do Concelho de Machico. Mudar ou não o dia do Concelho? Eis a questão!
Optei nesta minha primeira participação no espaço freguesias.dnoticias.pt por um tema que já vem a ser discutido há largos anos pelo que, achei pertinente partilhar a minha opinião sobre o mesmo. Apesar de ser um tema com a dimensão do Concelho o seu epicentro desenvolve-se na “capital” do mesmo, na histórica Freguesia de Machico.
Realizando uma viagem ao passado, de forma simples, a 2 de Julho de 1419 acredita-se que foi o dia do desembarque dos descobridores da Ilha da Madeira na magnífica baía de Machico. A 8 de maio de 1440 foi criada a Capitania de Machico, a primeira da expansão portuguesa. A 9 de Outubro de 1803, foi o dia do grande aluvião de Machico, o qual levou consigo a imagem do Senhor dos Milagres tendo esta sido recolhida dias depois e entregue à Diocese do Funchal, intacta. Posteriormente foi devolvida à Paróquia de Machico.
A discussão da alteração da data do dia do Concelho de Machico é um tema que se torna fraturante na sociedade, um tema que para muitos é um desperdício de tempo discuti-lo, para outros é muito importante discutir e para muitos outros não diz rigorosamente nada.
Escolhi estas três datas significativas na história do Concelho e da Freguesia de Machico por serem as datas que se encontram em discussão. Relembro que a 2 de julho celebra-se atualmente o dia da Freguesia de Machico e a 9 de outubro o dia do Concelho de Machico, no qual é feriado municipal, bem como o dia do Senhor dos Milagres.
A discussão da alteração da data do dia do Concelho de Machico é um tema que se torna fracturante na sociedade, um tema que para muitos é um desperdício de tempo discuti-lo, para outros é muito importante discutir e para muitos outros não diz rigorosamente nada. Sendo assim o Presidente da Assembleia Municipal de Machico decidiu abrir o debate sobre a alteração ou não da celebração do dia do Concelho no passado dia 2 de Fevereiro numa sessão pública, que decorreu na Junta de Freguesia de Machico. A abertura da discussão sobre um assunto tão sensível a toda a sociedade foi uma boa acção de democracia e sobretudo de respeito ao Concelho de Machico e à sua população. É para isso que os representantes da população servem!
Nesta discussão pública tive o prazer de assistir de modo a poder obter dados e argumentos que me faltavam. O Presidente da Assembleia teve a amabilidade de convidar três personalidades de modo a elucidar os presentes sobre a história do Concelho, nomeadamente o Dr. Emanuel Gaspar, o Dr. Élvio Sousa e o Dr. Nélson Veríssimo.
Todos eles de uma forma geral indicaram as razões para discutir, historicamente, os dias 8 de maio e 2 de Julho como possíveis datas para alterar o actual dia 9 de Outubro. No entanto, e não querendo simplificar a discussão, não me parece que a alteração passe apenas pelos actos históricos das datas acima descritas.
O actual dia da celebração do Concelho de Machico, como sabemos é o dia 9 de Outubro. Esta celebração, do dia do Concelho, só aconteceu após a revolução de Abril, e por alguma razão foi decidido celebrar neste dia.
No meu entender esta razão torna-se fundamental perceber, porque aliou-se um ato político a um ato religioso, em que toda a população de Machico se revê, mas que de facto não se consegue perceber a separação entre os mesmos. Pelo contrário, o ato religioso absorve o ato político.
Mas em todo o caso não é um problema maior. O que me parece um problema maior é perceber o porquê da mudança, sendo certo que também sou da opinião que se deva separar as celebrações religiosas das políticas. Contudo as principais questões por muitas pessoas colocadas são: Para quê e porquê alterar a data do dia do Concelho de Machico?
Esta é uma discussão que não se esgota nos políticos, apesar da decisão apenas caber à Assembleia Municipal. Esta é uma discussão de uma sociedade, de uma sociedade que tem o direito de influenciar os seus políticos numa decisão que não só agrade a maioria, mas que agrade e interaja com gerações presentes e futuras. Não sendo o primeiro Concelho a realizar a alteração, devemos ser, como somos historicamente, os primeiros na Ilha da Madeira a realizar uma decisão que congregue uma elevada participação de modo a termos uma decisão o mais concordante possível.
A única opinião formada que tenho a este respeito, neste momento, é que o dia feriado deve acompanhar o dia do Concelho, de modo a dar oportunidade a que toda a comunidade possa acompanhar as suas celebrações, dado ser o único dia que constitucionalmente pode ser escolhido pelo município para a sua celebração!
