A identidade de uma localidade emerge da combinação de caraterísticas exclusivas que constituem, na sua essência, o motivo de distinção de todas as outras, mesmo as que estão mais próximas.
Desde os aspetos geográficos, etnográficos, religiosos, políticos, culturais ou mesmo, os gastronómicos, São Roque do Faial distingue-se de todas as outras freguesias. Embora, tal como em toda a Madeira, a gastronomia seja grandemente subordinada ao contexto geográfico e à amálgama de sabores simples, existem depois particularidades que estão relacionadas sobretudo ao tipo e à qualidade dos produtos utilizados. Assim, destacam-se dois produtos que, não sendo exclusivos de São Roque do Faial, são o ex-libris desta freguesia, no que se refere à gastronomia, sendo eles a truta e a sidra.
No Ribeiro Frio podemos encontrar um viveiro de trutas, contíguo ao Posto Florestal, sendo, na nossa região, um dos locais mais visitados pelos turistas. Contudo, elas não estão apenas ali. A truta, sendo um peixe de água doce, encontra nas ribeiras e córregos que ziguezagueiam os vales do Ribeiro Frio e da Fajã da Nogueira, o ambiente ideal para a sua vivência e reprodução. Os seus corpos acastanhados ou amarelados, com o dorso e cauda pintados de negro e a discreta risca rosada que se prolonga desde as guelras até à barbatana caudal caraterizam estes peixes que, em adultos, atingem o comprimento de trinta a quarenta centímetros. Presunções à parte, as melhores trutas não serão as das águas frias dos Pirenéus ou as dos riachos montanhosos da América do Norte, mas as que encontramos nestas ribeiras ladeadas por tis, barbuzanos, loureiros e vinháticos, cujas águas se oxigenam a cada embate nos basaltos dispostos aos sobressaltos.
A truta apresenta-se como um peixe tenro com um paladar muito suave. Nutricionalmente é rica em ácidos gordos ômega 3, cálcio, fósforo, proteínas, vitaminas e um reduzido teor de calorias.