A freguesia do Jardim da Serra já está pronta para receber mais uma edição da Festa da Cereja, certame organizado pela Casa do Povo local, com o objectivo de destacar um dos principais produtos agrícolas da localidade e que representa, para muitas famílias, um rendimento de subsistência.
Com o centro da freguesia já todo engalanado para ver passar o cortejo alegórico, que tem na cereja a rainha, os produtores ainda não sabem se terão, realmente, motivos para festejar. Isto porque, de há cinco anos a esta parte, muitos têm sido os problemas que afectam as culturas da cerejeira, levando à morte das árvores e à diminuição da quantidade colhida.
Com uma boa parte das cerejas ainda verdes, foi há pouco mais de duas semanas que se deu início à colheita deste ano. José Gomes, produtor de cereja, de cima de uma árvore bem composta, lamenta os prejuízos que tem conhecido nos últimos anos, mas está expectante, já que se perspectiva a melhoria da produção relativamente ao ano passado, neste momento apenas condicionada pelo tempo. “A chuva, se vier com abundância, vai estragar uma grande parte dos frutos que ainda estão nas árvores. Espero que este ano a produção seja bem melhor do que a do ano passado, pois em 2017 houve árvores onde não conseguimos apanhar nem um fruto, pois perdeu-se tudo. Ainda assim, este ano, ainda temos muita cereja no chão”, diz-nos, em jeito de lamento.
Da parte do Governo Regional, o problema já está identificado e procuram-se soluções mais adequadas para resolução do mesmo. Paulo Santos, Director Regional da Agricultura (DRA), referiu ao ‘Diário das Freguesias’ que, de facto, “várias explorações agrícolas produtoras de cereja no Jardim da Serra vêm sendo afectadas por várias doenças e pragas, nomeadamente o fungo radicular Armillaria sp. e a Mosca da Asa Manchada (Drosophila suzukii)”. Sobretudo a primeira, que afecta as raízes, tem dizimado alguns pomares. Sem tratamento, resta ao agricultor, entre outras medidas, corrigir a acidez do solo aplicando calcário e enriquecê-lo com matéria orgânica.
Ainda assim, os dados divulgados pela Secretaria Regional da Agricultura e Pescas (SRAP), apontam para 216 toneladas, verificando-se um aumento da produção superior a 20%, quando comparada com os valores de 2017, cifrado nas 180 toneladas. Além de maior quantidade, a cereja terá mais qualidade. Note-se que este aumento deve-se não só ao tempo frio que se fez sentir, mas também às acções no terreno dos técnicos da DRA, em parceria com a Junta de Freguesia do Jardim da Serra, através do Centro Desenvolvimento e Inovação Sociocultural e Agroflorestal (CDISA) Quinta Leonor.
Para Humberto Vasconcelos, secretário regional da Agricultura e Pescas, o trabalho de sensibilização junto dos agricultores é determinante para uma melhor cultura deste produto. “Sabemos que as condições climatéricas são importantes, mas neste caso o trabalho da Direção Regional do importante para um aumento de produção”, disse o governante.
A juntar a este cenário mais positivo, devido ao atraso da maturação da cereja importada, cuja origem é Portugal Continental e Espanha, há a registar um aumento da cotação do produto regional em 2018, que se vem situando à volta de 2,5 a 3 €/kg, preço ao produtor, quando a cotação média em 2017 foi de 1,90 €/kg.
Refira-se que a cultura da cerejeira envolve 415 agricultores, ocupando uma área de cerca 64 hectares. Mais de 95% das explorações de cerejeiras (e a mesma proporção para a área) localizam-se no concelho de Câmara de Lobos, no Curral das Freiras, mas, principalmente, no Jardim da Serra, local onde esta cultura se constitui como um verdadeiro “ex-libris” da zona, caracterizando a sua paisagem e toda a componente económica e social das suas populações.
Três dias de festa
São vários os artistas que vão passar pelo palco montado no centro da freguesia. Destacamos aqui alguns:
– Carolina Silva, hoje, às 21h30;
– Miro Freitas, hoje, às 22h30;
– Amigos da Música, Sábado, às 21h30;
– Pedro Garcia, sábado, às 23h;
– João Quintino, domingo, 19h;
– Paulo Costa, domingo, 19h.
Destaque, também, para os vários grupos de folclore que vão actuar ao longo dos três dias, bem como para o Cortejo Alegórico, agendado para domingo, às 15 horas, bem como para a torta gigante que será partida às 11 horas desse mesmo dia. O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, visita o certame no domingo, às 16 horas.