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Largo da Achada. Fotos: Hélder Santos/ASPRESS

Camacha, sexta-feira, meio da tarde. O Largo da Achada, outrora vibrante, parecia suspenso no tempo. À volta do edifício da Casa do Povo e da Praça de Táxis, poucos rostos se viam. Silêncio interrompido apenas pelo som dos carros que, de quando em vez, circundam o largo mais central da vila serrana.

Teresa Martins, sentada a saborear um café, é uma das figuras que ainda teima em não abandonar o centro. Aos 76 anos, fala com o tom resignado de quem viu a freguesia definhar. “A Camacha já não é o que era, meu filho. Nunca mais vai ser”, confessa, num lamento que ecoa entre mesas vazias e fachadas fechadas.

O coração da Camacha, que pulsava ao ritmo do Café Relógio, está agora parado. O emblemático espaço, outrora ponto obrigatório para turistas e locais, fechou portas, deixando um vazio difícil de colmatar. A ‘calçada’ do largo foi arrancada, como se retirassem a memória de um lugar que se orgulhava da sua tradição e vida social.

Teresa, reformada, caminha de casa para “não dar em maluca”. Lamenta a falta de apoio e sente-se abandonada. “Já pedi ajuda para tapar o telhado que me chove em casa. Nada. Já estou cansada de votar em promessas vazias”, afirma. Outubro aproxima-se, e com ele as eleições autárquicas. Mas, para Teresa, “não há em quem votar”.

A poucos metros dali, na Praça de Táxis, José Anastácio e António Ornelas, dois motoristas de longa data, conversam sobre um passado que parece cada vez mais distante. Anastácio, com 43 anos de praça, recorda um tempo em que “a Camacha era ponto de paragem obrigatório, com turistas e locais a encherem o largo”.

Hoje, os táxis servem sobretudo residentes e alguns caminhantes que se aventuram pelas levadas. “Um hotel fazia toda a diferença, mas ninguém quer investir”, lamenta Ornelas. O túnel, que prometia ligar a Camacha ao mundo em minutos, trouxe uma esperança que não passou de ilusão.

A falta de investimento e a ausência de estratégia concertada são apontadas como grandes culpadas. “Se a Câmara de Santa Cruz quisesse, isto já estava diferente”, ouve-se, num desabafo que se repete. A política é presença constante nas conversas, vista não como solução, mas como parte do problema.

Desde 2013, a Câmara Municipal e a Junta da Camacha estão nas mãos da JPP, que desalojou o PSD, força dominante durante décadas. Hoje, o ambiente político vive-se numa espécie de resignação silenciosa, entre o descontentamento com o presente e a falta de confiança no futuro. Com uma população envelhecida e cada vez mais descrente, o desafio para os candidatos será não só apresentar ideias, mas provar que têm vontade — e coragem — de as concretizar.

No Rochão, no final desta viagem, José Pedro, artesão de 80 anos, dá corpo ao que resta da alma camacheira. Entre ripas de madeira e vimes importados, mantém viva uma tradição que ameaça desaparecer com ele. “O futuro? Não vejo ninguém a pegar nisto”, diz, enquanto as mãos continuam a trabalhar.

José Pedro teve, em tempos, uma oficina com muita gente. Hoje, está sozinho, sem aprendizes, sem sucessores. O seu filho já desistiu do vime para se fixar na função pública. “A Camacha está morta”, resume.

Com o aproximar das eleições, a Camacha parece pedir, mais do que nunca, uma liderança capaz de ouvir estas vozes, de resgatar o orgulho e devolver vida às ruas. Mas a cada promessa não cumprida, cresce o cepticismo.

Leia a reportagem na íntegra na edição de hoje do seu DIÁRIO de Notícias.

 

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Orlando Drumond
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