A Regata de canoas da Semana do Mar

Márcio Correia

Chamam-me, no Porto Moniz, o “filho do 15”, algo que nunca considerei ofensivo, antes pelo contrário, pois sempre o vi como homem honesto, trabalhador e visionário!

Corria o ano de 1990 quando o “15”, e um grupo de amigos, pescadores, se juntaram e, com recursos próprios, deitaram as suas canoas ao mar e organizaram uma “parria” entre amigos. O evento tinha por objetivo a celebração do dia de S. Pedro, o padroeiro dos pescadores.

Arrearam-se as canoas, os amigos fizeram-se ao mar e aconteceu, sem saberem, aquilo que viria a ser uma das maiores tradições da Ilha da Madeira.

O circuito, esse, era bem diferente de hoje. A primeira regata teve, como ponto de partida, o porto do Porto Moniz, contornava “a baixa” e tinha o seu término no mesmo ponto onde havia partido.

À chegada, apenas uma barraca, na “lojinha do porto”, como lhe chamava o meu pai, organizada com uma coleta durante o ano, entre todos os pescadores. Era a festa do povo pela noite dentro.

Assim são as gentes do Porto Moniz, pessoas de ideias fixas, de muito trabalho, honestidade, mas, acima de tudo, pessoas de tradições.

Após duas ou três edições daquela brincadeira, a câmara queria integrar a regata nas suas festividades. Os pescadores, que haviam criado uma tradição própria, recusaram-se a receber quaisquer apoios externos, pois só assim podiam continuar a chamar a regata e a festa que se seguia de suas.

A tradição manteve-se, mas acabou por não resistir à festa da câmara que passou a ser celebrada nesse fim-de-semana. Estávamos no tempo do senhor Jeremias, e acabou por ser integrada no então denominado “Dia do Mar”. Mudou-se o trajeto para aquele que ainda hoje se mantém, tendo o ponto de partida no porto da freguesia do Seixal e a chegada no porto da freguesia do Porto Moniz.

Assim são as gentes do Porto Moniz, pessoas de ideias fixas, de muito trabalho, honestidade, mas, acima de tudo, pessoas de tradições.

Parabéns à Câmara pela continuação no apoio a este evento, parabéns aos pescadores daquele tempo, que, ainda são na sua maioria vivos, e que tenho o prazer de conhecer pessoalmente, mas acima de tudo, parabéns ao “15”! O senhor Alberto, o senhor meu pai.