Situada no extremo norte da Madeira, a freguesia das Achadas da Cruz, no concelho do Porto Moniz, mostra um retrato vivo do envelhecimento populacional e dos poucos habitantes que resistem ao longo dos anos. O nome Achada é originário da abundância de salvados do mar, onde na zona ribeirinha deste local, existe uma fajã, onde arrebatam muitos despojos à costa.
Recentemente o DIÁRIO dirigiu-se até à freguesia, no âmbito de uma série de reportagens que vão percorrer todas as freguesias da Região até 24 de Agosto tendo em vista as Eleições Autárquicas , para perceber como vive a população, assim como os principais problemas que enfrenta.
Na chegada, o bom tempo não decidiu fazer a sua habitual visita. O nevoeiro, a chuva e o frio marcavam a passada sexta-feira, 27 de Junho. Ainda assim, o tempo não demoveu os turistas que chegavam nos carros de ‘rent-a-car’, para descer no teleférico, que não estava a funcionar.
Uma moradora conta que quando está vento o teleférico não desce, por isso os turistas tiveram de se contentar com a vista quase panorâmica. A atracção estabelece a ligação entre as Achadas da Cruz e a fajã da Quebrada Nova.
Entre os poucos residentes que circulavam na rua, estava Firmina na Costa. Sentada numa paragem de autocarros para ver os carros e as pessoas a passar, alegava que nas Achadas não há trabalho. “Aqui não há trabalho. E da terra também não há”, mencionando que para plantar só se for para consumo próprio.
As crianças, essas, são poucas. Maria Laurinda e Adriana, que subiam a estrada para ir ao centro de saúde local, expressam que existem apenas duas. “Aqui não há crianças nem gente nova”, disse Adriana, de 50 anos.
Confessam, ainda, que há falta de profissionais de saúde no centro de saúde, assim como “poucos autocarros”, Maria Laurinda, de 73 anos.
As Eleições Autárquicas estão a chegar, mas a população ainda não pensa no assunto, tanto porque ainda não foram divulgados os candidatos, mas também porque são várias eleições seguidas no mesmo ano. “Outra vez? Não param? Jesus”, disse, admirada, Firmina da Costa sobre o assunto.
Já Maria Laurinda e Adriana garantem que no dia das eleições vão exercer o direito ao voto, algo que fazem sempre que existem eleições. “É importante ir votar”, expressou Maria Laurinda.