Élio Pereira
Élio Pereira
Símbolo musical de toda uma região, a canção popular Bailinho da Madeira não só apresenta uma forte relevância histórica que se arrasta por várias gerações, como também imortaliza aquilo que são as tradições da nossa ilha.
Este ícone musical é presença diária nas noites de animação turística na região, e dada a sua importância poderá ser visto como o hino comum de todos os grupos folclóricos madeirenses, cruzando e conquistando, sem fronteiras, os 4 cantos do mundo através das nossas comunidades emigrantes dispersas.
Eternizada pela voz do Max e sua banda, em Lisboa, na metade do século 20, esta música é acompanhada pelo chocalho do nosso brinquinho, instrumento tradicional constituído por castanholas, fitilhos e bonecos de pau vestidos com o traje tradicional regional, dispostos na extremidade duma cana de roca. O traje é originalmente constituído por linho, lã e flanela, sendo que nas mulheres predomina a cor vermelha no corpete, acompanhado de riscas azuis, brancas, amarelas e verdes, nas saias. Nos homens destaca-se o branco linho e botas castanhas de pele. As carapuças maioritariamente azuis, os lenços e os barretes de orelha castanhos completam a vestimenta.
Quanto à dança, ela é conhecida pelo seu muito movimento e vida, provocados pelos giros e saltos com rapidez realizados, no seu decorrer, pelos bailarinos.
O que poucos sabem é que a letra e música do Bailinho da Madeira teve origem no concelho da Calheta. O autor foi o poeta popular João Gomes de Sousa, conhecido pelo povo como o “Feiticeiro da Calheta”.
Ainda antes dos breves arranjos musicais do Max, que ganharam proporção internacional através das rádios da época, o Feiticeiro da Calheta já teria cantado, em 1938, na Festa da Vindima, no Funchal, com o Rancho Folclórico do Arco da Calheta. O primeiro prémio conquistado naquele dia foi o indício de que o Bailinho viria para ficar!
O autor deixou-nos em 1974, mas a sua obra musical acompanha-nos eternamente, pelo que a sua distinção é merecida. E é por isso que a Câmara Municipal da Calheta decidiu honrar o Bailinho da Madeira, com a candidatura da sua letra às 7 Maravilhas da Cultura Popular de Portugal.
Este concurso, fomentado pelo canal televisivo RTP, surge fruto do desenvolvimento social e cultural onde Portugal se afirma, pelos seus valores únicos e pela dimensão da sua multiculturalidade.
No passado mês de junho foram anunciadas as 140 candidaturas, das 20 regiões do país, e entre as sete que representam a Região Autónoma da Madeira, encontra-se então o nosso Bailinho da Madeira. Nas mesmas candidaturas surgem categorias de artesanato, artefactos, lendas e mitos, festas e feiras, rituais e costumes, procissões e romarias, músicas e danças.
Em agosto serão anunciados os restantes patrimónios pré-finalistas e serão adicionados aos pré-finalistas já apurados nas eliminatórias regionais do concurso. A gala final está prevista para 5 de setembro de 2020, e para que possamos ter o Bailinho da Madeira nesta lista, a Calheta conta com o seu voto. Como? Ligando para o 760 207 764 as vezes que entender.
Deixem passar esta linda brincadeira… à final!
A Calheta conta com o seu voto!