A identidade de uma sociedade está na sua história em construção, tal como a de cada pessoa em desenvolvimento. As raízes e os desejos de uma comunidade são propulsores de acções. A forma como são encarados eternizam os que estão, os que partem e os que sucedem. Neste movimento, as freguesias têm um papel essencial. Com superação, enquanto máxima. Com emoção, enquanto alimento. E com ilusão como guia. Tudo isto afinado por discussão e pensamento, são ingredientes para o progresso e para a superação integral e participativa. Freguesias implicam a responsabilidade para sentir e autonomizar – para promover a expressão.
O ser humano também vive das sementes que planta, que poderão ser frutos vindouros em benefício da autonomia das pessoas, sendo isso contributo para a prosperidade e bem-estar.
Uma administração local orientada pela gestão esgotada do argumento orçamental, é redutora. Claro que uma parte da linguagem de uma administração pública ou privada – é o dinheiro. Claro que a legislação é um guia orientador e expressa uma linguagem que garante uma ordem social. Contudo, no dia em que terminar a lei e o dinheiro, a vida na terra continuará e se reinventará como até então. Já o fim da humanidade ditaria a lógica e natural inutilidade dos vinténs e dos decretos. Se olhássemos apenas à regra e ao dinheiro talvez hoje a Madeira não fosse uma Região Portuguesa. Se não fossemos no caminho do querer e da ilusão, talvez não fossemos uma Região Autónoma. Com raciocínio e menos racionalização.
Só com uma criatividade, aliada à ética nas decisões tomadas, se pode construir virtudes de liderança, capaz de potenciar recursos de promoção do desenvolvimento.
Neste contexto, as freguesias ganham em ser motor do envolvimento das comunidades. Ganham em promover a participação e proximidade E não se fecharem em autocracia, achismos ou outros vieses. Precisam também de apoio para isso, pois a escassez de recursos, pode endurecer humanamente as pessoas.
Freguesias podem revelar-se portas abertas para a inclusão. De assertividade para orientar, assim como para gerir de forma digna as impossibilidades, independentemente de “cores” ou de “linhas de pensamento”.
Casa é onde nos sentimos acolhidos – e pode ser num abraço ou numa consideração genuína. Caso contrário, há ruas e espaços de tão maior conforto. Por isto, as freguesias podem ser casas de expressão, na tal construção da capacidade de cada pessoa poder tomar decisões.
Hugo R Fernandes
Psicólogo