Não fosse a chuva que reapareceu na última semana de Janeiro, em particular nos dias 29 e 30, e este primeiro mês do ano – que é também o primeiro mês em plena estação de Inverno – teria sido terminado demasiado seco, tal era a preocupante falta de precipitação que se registou até ao dia 24 do mês findo.
Até então, em apenas dois desses 24 dias havia chovido com algum significado e somente na costa Norte e zonas montanhosas. Tal ocorrera na véspera (166,3 mm) e no Dia de Reis (170,1 mm), os únicos dias que se podem considerar chuvosos em mais de três semanas.
Nesse primeiro fim-de-semana molhado, somente no Lombo da Terça/Porto Moniz (10,3 mm) e em São Vicente (12,9 mm) a quantidade de chuva no intervalo de uma hora conseguiu atingir grau de intensidade condizente com o aviso amarelo. Chuva essa que entretanto só viria a reaparecer com algum significado no sábado seguinte, dia 13 (78,9 mm), e depois a meio da semana seguinte, dia 17 (112,5 mm), os outros dois dias com alguma precipitação, novamente circunscrita às regiões montanhosas e costa Norte.
Neste período, ou seja, até à entrada da derradeira semana de Janeiro, registaram-se cinco dias completamente secos (3,11, 21, 22 e 24) nas 19 estações do IPMA dispersas pelo arquipélago – 17 na Madeira, 1 em Porto Santo e 1 na Selvagem Grande – e outros quatro (dias 2, 4, 16 e 23) também praticamente ‘sem pingo’, não fosse os chuviscos pontuais e dispersos (<1,0 mm) registados nalgumas das estações.
A inquietante escassez de chuva só viria a ser atenuada a partir da última Quinta-feira do mês, com a precipitação que finalmente surgiu de forma mais frequente e em maior quantidade, inclusive com alguma neve/granizo no topo da Ilha. Nesta recta final, depois do fim-de-semana já com alguma precipitação relevante, em especial nos pontos mais altos, a grande carga de água viria a ocorrer na segunda-feira (quase 200 litros por metro quadrado nas três estações mais altas: Pico e Chão do Areeiro e Bica da Cana) e na terça, que acabaram por ser os dias mais chuvosos dos últimos dois meses.
Ainda assim, estas quantidades não foram suficientes para evitar que o nível de precipitação registado no mês de Janeiro fosse inferior ao valor considerado normal. Tal como já se verificou nos três meses anteriores do presente ano hidrológico.
A desregulada situação climática fez-se também sentir ao nível da temperatura do ar, nomeadamente da máxima, que neste primeiro mês de Inverno na íntegra, chegou a atingir 26,3ºC, na Quinta Grande. A ver vamos o que nos reserva Fevereiro, depois destes primeiros dias terem sido bem ‘regados’, com chuva, granizo e neve à mistura.