Ricardo Catanho
Ricardo Catanho
A intenção de obras na frente mar de São Vicente tem sido um dos temas mais fraturantes entre vicentinos e não só, sendo uns mais técnicos que os outros, a pretensão da Câmara Municipal e o Governo Regional através de um contrato programa é a de contribuir para a destruição e descaracterização daquela que deveria ser uma das zonas mais nobres da freguesia, não só pela sua beleza natural proporcionada por aquelas majestosas montanhas que caiem quase a pique para cima do mar, mas também para a economia de muitas famílias da freguesia.
O Calhau de São Vicente é a zona que emprega mais gente em todo o Concelho, por isso qualquer tipo de intervenção ali deve ser muito bem ponderada, esqueçamos diferenças políticas e pensemos nas pessoas que ali trabalham e outras com grandes investimentos naquela zona, todos estamos de acordo numa questão, o Calhau precisa de ser intervencionado e com urgência, sendo o principal problema o estacionamento ou a falta dele, para carros ligeiros e pesados e uma das soluções apresentadas é por exemplo estacionamento para autocarros na frente mar, isso não se faz em lugar nenhum do mundo, sejamos conscientes…
Outra é tentar ganhar espaço avançando com uma muralha para o mar, para alem de descaraterizar a paisagem pode também “matar á nascença” uma zona de surf por excelência que começa mesmo ser conhecida além-fronteiras pois já aparece como lugar de referencia para a pratica da modalidade em revistas da especialidade, depois e provavelmente a principal razão para pararmos todos e refletir, é a questão da segurança de bens e pessoas, só quem não conhece o mar naquela zona equaciona sequer levar aquela muralha para baixo, o risco do mar galgar a muralha é grande podendo por em risco vidas humanas.
Depois do ponto de vista económico se o principal problema é a falta de estacionamento esta hipotética obra não iria resolver, o número de estacionamentos previstos pouco altera aquilo que já acontece atualmente em dias de maior afluência de tráfico, depois existe outro fator que não podemos descorar, quanto tempo irá durar as obras? Normalmente levam sempre mais que o previsto e durante esse tempo a faturação dos negócios ali existentes infelizmente terão tendência a diminuir podendo vir a provocar alguns problemas de tesouraria nalguns casos.
Uma das coisas positivas no meio disto é curiosamente umas inverdades do Srº Presidente da Câmara, ao dizer numa entrevista a RTPM em Fevereiro de 2018, que a obra estava praticamente pronta para avançar, que já tinham todos os projetos inclusive o de impacto ambiental, mas sabemos agora que o estudo de impacto ambiental afinal não está feito, requisito esse que é suficiente para levar o chumbo da União Europeia em matéria de financiamento. Aproveitemos esta oportunidade para refletir, porque a obra não vai ser inaugurada este ano, como é referido na dita entrevista, nem tão pouco irá ser iniciada…
Há outras alternativas, não façamos disto teimosia politica, dar um passo atrás nesta matéria não é regredir mas sim evoluir, pensemos noutras alternativas mais sustentadas e favoráveis para o futuro das pessoas que dependem financeiramente do Calhau, bem o como o futuro da freguesia.
Estacionamentos em diagonal entre o Calhau e a vila como já foi proposto, retirando pouco mais de um metro ao jardim do parque urbano, aproveitar e requalificar toda a zona da antiga adega, podendo ser adaptado para um mercado físico e mais estacionamentos para ligeiros e pesados e na frente mar optar por apenas um sentido de transito aumentando as esplanadas, podendo aparecer flores e espaços para crianças mantendo ainda assim os atuais estacionamentos. Esta é apenas uma solução entre outras onde podiam ser empregues os 3 000 000€ previstos para o custo da obra, este é um tema demasiado sério para ser discutido ao estilo do quero mando e posso, essa forma de fazer politica já faz parte do passado, concentremo-nos no futuro.