António Trindade
António Trindade
Falar da Ilha é falar de uma localidade exemplar na Madeira. Pese embora todas as dificuldades que a sua história retrata, desde há uns anos a esta parte, aquela pérola perdida foi encontrada.
A referência à Ilha como pérola tem por base as suas genuínas e vincadas tradições, a extensa e bela mancha paisagística, o amor da população à terra e a hospitalidade que carateriza as suas gentes. Estes são traços únicos que não se podem reproduzir em qualquer outra localidade do mundo, isto se tivermos em conta que vivemos num mundo global e indiferenciado.
As pessoas da Ilha foram os principais impulsionadores da evolução da localidade. Um povo unido, que juntou a sensibilidade dos decisores à vontade de evoluir, e que, juntos, empenharam uma verdadeira revolução pacífica, pelo que não duvido que o seu desenvolvimento socioeconómico possa ser analisado como um caso de estudo.
Na verdade, foi graças à atitude de tantos homens e mulheres desta freguesia, que a Ilha despertou para as necessidades de desenvolvimento, nomeadamente a nível de acessibilidades e dos meios de primeira necessidade, tendo o progresso sido coroado com a elevação a freguesia a 15 de abril de 1989, a primeira freguesia criada sob a égide da autonomia política da Região Autónoma da Madeira.
A história não parou no reconhecimento administrativo da localidade, as suas gentes, sejam eles emigrantes ou os que cá ficaram, sempre foram talhados para o progresso, e munidos de uma forte consciência de interajuda.
Os emigrantes organizaram melhor as suas vidas, o que, na altura, a terra não favorecia, e ajudaram também os que ficaram. Aqueles que optaram por viver na Ilha também não se acomodaram, uns apostando na agricultura, nomeadamente no modo empresarial, outros no pequeno comércio e as gerações mais jovens apostaram na sua formação. Curioso que no capítulo da formação, durante cerca de duas décadas, os indicadores andaram bem próximas dos 100%, não só nos níveis de alfabetização, mas, também, no que se refere ao acesso ao ensino superior.
Simultaneamente as instituições locais desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da Ilha e das suas pessoas. As redes viárias, os caminhos agrícolas, as infraestruturas para os serviços, os eventos de referência, as iniciativas de empreendedorismo social, os grupos culturais, as atividades de ocupação e de inclusão, os projetos de formação profissional, o ensino recorrente, a promoção da prática da atividade desportiva, a valorização das tradições, foram todas dinâmicas essenciais que complementaram um processo de evolução da freguesia da Ilha.
Sim, de facto as zonas rurais não só são paisagem, não só são sítios alocados ao abandono, são sim importantes locais que dão caracterização à nossa terra. E porque também não explorar e valorizar os lugares encontrados como a Ilha? Não queiramos estagnar no tempo e voltar ao antigamente, afinal somos todos responsáveis pela forma como promovemos, cuidamos e apresentamos a nossa terra.
Saibamos dar a volta enquanto é tempo, pois os prós dos locais como a Ilha ainda são bem mais fortes dos que os contras.