Imaculado tem falta de uma “centralidade”

Os limites da freguesia do Imaculado Coração de Maria, no concelho do Funchal, facilmente se confundem com os das freguesias vizinhas de Santa Luzia e do Monte. Mas, quem ali vive não tem dúvidas quanto ao território que aprendeu a ver como seu.
Isso mesmo apontou João Mendonça à reportagem do DIÁRIO, notando que, dos seus quase 85 anos, embora vivendo sempre na mesma casa, ainda se lembra de pertencer à freguesia do Monte. “Outros tempos”, remata, dizendo que “hoje as coisas estão melhores, mas ainda faz falta uma praça ou um local que funcione como uma verdadeira centralidade”. Ainda assim, diz ter “tudo o que precisa quase à porta de casa”.
Também Ana Freitas, que vive junto à Escola da APEL, está satisfeita com as condições de vida que encontrou, há mais de 50 anos, nesta freguesia, que, agora, não hesita em chamar de sua. “Tenho correios, tenho supermercado, tenho tudo aqui à beira”, constata.
Encontromo-la à saída do supermercado que existe junto ao antigo Centro Comercial de D. João, outrora um pólo aglutinador da localidade. A caminho do seu habitual encontro com as amigas, esta freguesa com muita idade não deixa de pedir mais atenção à limpeza das ruas e aos espaços ajardinados, embora não poupe nos elogios à actual equipa que lidera os destinos da freguesia.
Com as Eleições Autárquicas no horizonte, realça a importância do voto, independentemente das opções políticas.
Mas há mais pedidos na lista de reivindicações. Uma farmácia, no entender de Maria Gouveia, “fazia jeito”, lembrando a que em tempos existiu na Quinta Deão. Ainda assim, a viver na freguesia desde que nasceu, já lá vão 64 anos, reconhecer ter qualidade de vida. “Viver aqui é bom, é perto do Funchal, é agradável, não há problema com vizinhança”. Reconhece, contudo, que têm surgido mais situações de famílias com carências e identifica alguns casos de maior insegurança, mas, por enquanto, nada de maior. De caminho, reconhece “o trabalho bastante activo” que tem sido levado a cabo pelo actual executivo da Junta de Freguesia, a quem reconhece “empenho” e “proximidade às pessoas e às suas necessidades”.
Já Rui Santos, empresário que viu o seu negócio crescer no Imaculado Coração de Maria, para onde se mudou há cerca de quatro anos, pede “um parque infantil em condições”.
Embora reconheça que os Jardins de Santa Luzia, que apesar do nome são parte integrante da freguesia do Imaculado, têm “óptimas instalações”, lamenta a “falta de civismo de quem ali passeia os seus cães”, deixando o espaço revaldo “cheio de excrementos dos animais”, impossibilitando o uso do espaço pelas crianças.
“É preciso ser criada uma zona onde as famílias possam passear as crianças. Ou então, proibam a entrada de cães no Jardim de Santa Luzia”, sugere.
Situação semelhante diz existir nos passeios e arruamentos da Quinta Deão, para os quais pede mais atenção das entidades competentes, nomeadamente da Junta de Freguesia, encarregue da limpeza dos mesmos.
Também Rita Rodrigues tem pedidos a fazer. A residente nas proximidades da igreja do Imaculado diz ser precisa mais limpeza e cuidado com os jardins e com o lixo nas ruas. Apontando para os espaços ajardinados nas proximidades daquele templo religioso, constata o estado de “abandono” em que os mesmos de encontram, dizendo que tal só acontece “após a saída do antigo padre”.
Embora não participe nas actividades sociais desenvolvidas pelas várias entidades da localidade, reconhece que são vários os passeios e convívios promovidos, que, no seu entender, “fazem bem às pessoas”.
Na lista de ‘faltas’ inclui, também, uma farmácia e “um supermercado”, apontando que o que existia nas proximidades “estava sempre cheio”. “Agora temos de ir para mais longe para comprarmos as coisas essenciais”, constatou.
Ainda no que toca a espaços verdes e de lazer, algumas das pessoas com quem falámos concordam com uma nova utilização para a Quinta do Poço, espaço que actualmente está ao serviço do Departamento de Ambiente da Câmara Municipal do Funchal. Em diferentes ocasiões, o actual presidente da Junta de Freguesia, Pedro Araújo, já defendeu uma outra utilização para aquela antiga quinta, acreditando que poderá ali surgir uma nova centralidade, indo, de certo modo, ao encontro de algumas das reivindicações escutadas pelas reportagem do DIÁRIO, na semana passada.