O especialista em fitogeografia, Raimundo Quintal, esteve ao longo de vários meses a realizar um inventário exaustivo de todas as plantas existentes dos jardins da Quinta Pedagógica dos Prazeres criado pelo padre Rui Sousa e que passou desde ontem a dar o nome àquele espaço.
O resultado da inventariação e depois do estudo das plantas existentes nos jardins da Quinta levou à quantificação de 235 táxones, onde contém 188 espécies, o que leva a ser a única Quinta na zona oeste da Madeira com tanta diversidade de plantas e o que leva a ser considerada de excelência.
Raimundo Quintal explicou que “quando nós pensamos num parque ou num jardim temos de analisá-lo na perspetiva da arquitetura, podemos analisá-lo através de uma relação do parque e da área envolvente e naquela área em que eu domino e que trabalho é classificá-lo segundo a sua fitodiversidade, isto é, sobre a sua riqueza florística. Há várias escolas a este nível e eu tenho vindo a trabalhar segundo uma classificação em que, quando um jardim ou parque tem mais de 150 espécies é considerado um espaço de excelência, está na classe mais alta e no caso da Quinta Pedagógica pode-se considerar como um caso de excelência”.
O especialista adiantou que um taxon é no fundo uma planta, mas essa planta pode pertencer a uma espécie, mas também pode pertencer a uma subespécie. Por exemplo, o dragoeiro já é uma subespécie, mas também pode pertencer a uma variedade natural. Mas para além das espécies, das subespécies e das variedades naturais nos parque e nos jardins encontramos muitas plantas que resultam do cruzamento entre espécies feitas pelo homem com objectivo de produzir mais fruta, com o objectivo de produzir mais flor durante um período mais longo e flores mais bonitas, isto são os híbridos, mas também há plantas que são criadas pelo homem a partir de uma espécie e fazem várias experiências e acabam por encontrar variedades mais interessantes, variedades para cultivo, são chamadas as cultivares.
“Em termos botânicos, eu não estou aqui a falar em termos estéticos, o que importa essencialmente são as espécies e neste caso na Quinta Pedagógica dos Prazeres estão lá 188 espécies, embora tenhamos lá por exemplo cultivares fantásticas. Estou a lembrar da magnólia de flores amarelas que é uma cultivar. Ela resultou do cruzamento de duas espécies chinesas, mas a partir deste cruzamento foram fazendo experiências que até apuraram aquela variedade. E por isso, ela só pode ser multiplicada de forma vegetativa, não pode ser multiplicada por semente “, frisou Raimundo Quintal.
Raimundo Quintal enaltece e valoriza obra do padre Rui Sousa, nos Prazeres.