Marcelo Gouveia
Marcelo Gouveia
Com a esperança de vida a crescer, torna-se imperioso saber lidar com pessoas com idades mais avançadas que partilham as rotinas e a peripécias que o quotidiano nos prega. Isto leva-nos a respeitar e adotar um cuidado especial, para com aqueles que já deram muito à “causa nobre da existência”.
Em São Roque, dizem os sensos mais recentes, que 23% da população é idosa, sendo que residem sozinhos, cerca de 500 indivíduos.
Não há margem para dúvidas que emerge a necessidade de serem realizadas algumas adaptações às vivências dos mais novos e, porque não, nas iniciativas realizadas pelas instituições locais, com responsabilidades sociais. Temos que encarar este paradigma futuro e colaborar na ocupação destes “ativos de outrora”.
Conhecendo a realidade local e sendo um filho atento desta terra, enalteço o que tem sido levado a cabo, na última década, pelas forças vivas da freguesia, para manter o estado físico-cognitivo desta importante franja da nossa população, o mais saudável possível.
Desde a Junta de Freguesia, à Casa do Povo, aos clubes e associações recreativas, passando por particulares e privados, sei que todos apresentam um leque rico de eventos para regenerar ativamente estes “atletas do passado”. Inclusive, há pouco tempo decorreu uma iniciativa da junta de freguesia com a intenção de criar uma bolsa de voluntários cuidadores. Boa iniciativa!
Não deixar na “roda do prato” aqueles que foram fiéis aos seus princípios e às suas terras, responsáveis por preparar o berço para a sociedade atual e que, em particular, dedicaram-se arduamente à sua freguesia de nascença. Freguesia esta que, como todas as outras, se encontra alterada das origens, fruto de um progresso avassalador que mudou as rotinas das suas gentes, obrigando-lhes a atravessar um processo de adaptação que nem sempre foi o mais simpático.
A “máquina da vida” não pode parar, pois irá encarecer o conserto para voltar a funcionar. As “relíquias” têm de manter o andamento… no ritmo de cada um.
Na sua introspeção, os “meus velhinhos” , sabem e reconhecem a importância em manter os skills and abilities diárias bem lubrificadas, na perspetiva de minimizar os estragos na fuselagem e nos órgãos vitais de uma máquina tão sensível. Com isto, pretendem criar um estigma na arte de bem envelhecer, por isso são exigentes e reivindicativos, até que lhes doa os ossos.
Será assim. Será assim, para todo o sempre e cada vez mais… é a lei da vida.
Quero ter essa qualidade de vida quando chegar a minha vez.
Quero ter a oportunidade de usufruir daquilo que me irão dar.
Mens sana in corpore sano, leva-nos a transportar para uma informação realista que o que importa é tirar do casulo os que querem, teimosamente, lá ficar…. A sanidade espiritual irá libertá-los para a aventura, num Mundo “sem tempo”.
Como diria Máximo Gorki, “Quando o trabalho é um prazer, a vida é bela! Mas quando nos é imposto a vida é uma escravatura.”
Teremos mais prazer em viver se proporcionarmos algum prazer aos que nos rodeiam.