Ricardo Catanho
Ricardo Catanho
Janeiro é o mês de São Vicente, é neste mês que celebramos o nosso santo padroeiro, que para além de dar o nome á freguesia dá-o também a todo o concelho.
A origem do nome está envolto em mistérios e lendas, tal é a diversidade de histórias que poderemos encontrar para determinar o porquê de ter sido atribuído o nome de um santo mártir de origem castelhana…
Desde a lenda que a imagem deu á costa protegida por um corvo, também poderá dever-se á pequena ermida erguida numa rocha na foz da ribeira para lhe prestar culto, outra refere-se também á chegada dos primeiros colonizadores deparam-se com grande quantidade de corvos sobrevoado o vale, aves estas associadas ao mártir ou também por terem sido os seus primeiros habitantes do norte de Portugal de uma região de Braga onde este santo também é venerado…
Embora seja importante a exatidão histórica do nome, estas diferentes versões, todas elas envoltas em mitos e lengalengas, pode-nos dar também uma perspetiva mais romântica e misteriosa atribuída a estas terras envoltas em mistérios desde os primórdios do seu povoamento.
Há registos da chegada dos primeiros colonos a partir de meados do séc. XV como comprova o alvará régio de 18 de Setembro de 1575 atribuindo ao pároco o vencimento anual de 25$000 reis, só mais tarde a 25 de Agosto de 1774 através de alvará régio elevou a freguesia á categoria de Vila.
São Vicente sempre foi o mais importante núcleo de povoamento do Norte da Madeira, como podemos constatar no Elucidário Madeirense que se refere a esta freguesia:
“É incontestavelmente a mais importante, a mais populosa e mais vasta de todas as freguesias do norte da Madeira…”.
Infelizmente este estatuto tem-se vindo a perder ao longo dos anos, com maior incidência nas últimas décadas, o estatuto de “Capital do Norte” está a se desvanecer. Este pequeno resumo da vastíssima história da nossa freguesia não deve nem pode ser esquecido, é fundamental que as escolas do nosso concelho tenham essa sensibilidade, aliás como já vão tendo, porque nestes tempos cada vez mais globalizados e instantâneos é de primordial importância conhecer e preservar a nossa história, a nossa cultura porque para sabermos para onde queremos ir é importante saber de onde viemos.
A Junta de freguesia, a câmara municipal têm o dever de não deixar cair esse legado que nos foi deixado pelos nossos antepassados
É por isto que o nosso feriado municipal é celebrado a 22 de Janeiro, é também organizada uma festa em honra deste padroeiro, que desde 1694 se encontra na foz da ribeira como um nicho numa rocha de basalto, segundo também outra lenda era ali que o santo queria estar…
As festividades em honra do Santo São Vicente têm perdido fulgor com a passagem dos anos, recordo-me bem o que era e aquilo que é agora, penso que a festa do padroeiro da “Capital do Norte” merecia outro tipo de atenção pelas entidades competentes, o povo ainda colabora bastante tal é a sua devoção a este santo, mas não é suficiente.
Gostaria de deixar aqui uma sugestão à Câmara Municipal que em colaboração com a igreja matriz podiam dar maior protagonismo e dignidade a esta festa, concentrado toda ela a volta da igreja, por exemplo no ato da atribuição das licenças para o comercio ambulante, só deveriam ser passadas licenças para uma zona muito especifica o adro lateral norte da Igreja, ficaria ali tudo concentrado, os espetáculos musicais e todas as barracas, criando impressão de uma festa muito maior, ao contrário do que se passa atualmente com as 3 ou 4 barracas existentes dispersas entre si dispersando também as pessoas dando por vezes um ar triste e desolador a estas festividades que mereciam maior dignidade e elevação, e porque não também gastar menos 10% na semana de São Vicente e reservar um pouco para esta altura?