• São Roque
    • Calheta
      • Arco da Calheta
      • Calheta
      • Estreito da Calheta
      • Fajã da Ovelha
      • Jardim do Mar
      • Paul do Mar
      • Ponta do Pargo
      • Prazeres
    • Câmara de Lobos
      • Câmara de Lobos
      • Curral das Freiras
      • Estreito de Câmara de Lobos
      • Jardim da Serra
      • Quinta Grande
    • Funchal
      • Imaculado Coração de Maria
      • Monte
      • Sé
      • Santo António
      • Santa Luzia
      • Santa Maria Maior
      • São Gonçalo
      • São Martinho
      • São Pedro
      • São Roque
    • Machico
      • Água de Pena
      • Caniçal
      • Machico
      • Porto da Cruz
      • Santo António da Serra
    • Ponta do Sol
      • Canhas
      • Madalena do Mar
      • Ponta do Sol
    • Porto Moniz
      • Achadas da Cruz
      • Porto Moniz
      • Ribeira da Janela
      • Seixal
    • Porto Santo
      • Porto Santo
    • Ribeira Brava
      • Campanário
      • Ribeira Brava
      • Serra de Água
      • Tabua
    • Santa Cruz
      • Camacha
      • Caniço
      • Gaula
      • Santa Cruz
      • Santo António da Serra
    • Santana
      • Arco de São Jorge
      • Faial
      • Ilha
      • Santana
      • São Jorge
      • São Roque do Faial
    • São Vicente
      • Boa Ventura
      • Ponta Delgada
      • São Vicente
Eu sou do tempo…
29 Junho, 2018
A propósito de rituais e marchas – O Mercado da Penteada
29 Junho, 2018

O passeio do ano: a excursão da paróquia

29 Junho, 2018 às 12:23
susana_fernandes

Susana Fernandes

“Vizinha? Está em casa? Ainda tem bilhetes para o carro do Sr. Camacho?…”

Era assim naqueles tempos em que o nosso único passeio de carro era a excursão da paróquia. A ansiedade, o desejo, a antecipação na nossa mente de tudo o que iríamos viver nesse dia de passeio à volta da ilha, fazia-nos vivê-lo, muito antes de acontecer.

Não, o pai não tinha carro, mas era responsável por uma das camionetes que iam na excursão e era um dos muito concorridos. E era bem divertido. Isso lembro bem!

Se a resposta à vizinha era uma “Não, já não há bilhetes”, a deceção tomava conta dela e era com tristeza que voltava para casa. Afinal aquele passeio era o que juntava umas centenas de paroquianos de São Roque, num dia de festa.

Não recordo bem, mas penso que nesse dia a freguesia de São Roque ficava despida da grande maioria dos seus moradores. Poucos eram os que tinham carro particular e que pudessem passear sempre e quando lhes apetecesse. E eram várias camionetes que saiam logo pela manhã para esse grande acontecimento.

Nesse dia a freguesia testemunhava a enorme azáfama, ali por volta das 7h da manhã, quando todos iam chegando junto à Igreja, para ocupar o seu lugar na camionete.

Chegavam com a alma carregada de felicidade e as mãos cheias de trouxas com o farnel preparado pela madrugada fora, que iria ser partilhado pela família, amigos e vizinhos. Depois partíamos. E connosco transportávamos o barulho, as gargalhadas, as cantorias, a alegria.

E São Roque mergulhava num domingo sonolento, podendo repousar ao som do silêncio que o envolvia ao longo desse dia, enquanto muitos dos paroquianos deixavam a beleza da sua freguesia para visitar a beleza dos outros recantos da ilha.

Acordaria mais tarde, já quando o sol se estava a preparar para dormir, mas, de repente, chegavam novamente ao largo do miradouro, junto à Igreja, as camionetes cheias de euforia daqueles mais resistentes e que ainda conseguiam cantar. Outros vinham já a dormir, ou porque o calor do dia os subjugou, ou porque estiveram a provar o vinho dos garrafões dos vizinhos, em género de concurso, a ver qual o melhor, e a essa hora já o corpo tinha cedido.

Acelerávamos o ritmo com as “pandeiretas” feitas em casa. Cabos de vassoura cortados, tampas das garrafas de Sumol ou Brisa espalmadas com o martelo e pregadas em grupinhos com os pregos para que o som fosse o mais ruidoso possível.

Mas a excursão começava muito antes de acontecer. Para nós, os mais novos, havia que preparar o reportório de músicas e os instrumentos a levar. Ah, como eram bem aproveitados aqueles cadernos distribuídos pelos partidos nas campanhas eleitorais. Nesses dias ficavam ricos em letras e composições de todas as músicas que conhecíamos e que queríamos decorar.

“Oh Laurindinha vem à janela

Oh Laurindinha vem à janela

Ver o teu amor, ai, ai, ai, que ele vai pra guerra

Ver o teu amor, ai, ai, ai, que ele vai pra guerra

Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir

Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir

Ele é rapaz novo, ai, ai, ai, ele torna a vir

Ele é rapaz novo, ai, ai, ai, ele torna a vir

Ele torna a vir se Deus quiser

Ele torna a vir se Deus quiser…”

 

Esta era uma das canções que não podiam faltar no reportório! Todos a sabiam trautear e nós que éramos crianças, adolescentes, jovens, tínhamos especial gozo ao cantá-la, porque uma das vizinhas tinha o nome de Laurindinha, e retorcia-se toda no canto da sua bancada, quando nós cantávamos isto a plenos pulmões, quase em dedicatória a ela. Sabíamos que não gostava e nós ainda gostávamos mais.

Acelerávamos o ritmo com as “pandeiretas” feitas em casa. Cabos de vassoura cortados, tampas das garrafas de Sumol ou Brisa espalmadas com o martelo e pregadas em grupinhos com os pregos para que o som fosse o mais ruidoso possível. Era um instrumento musical de luxo que nos deixava as mãos doridas e vermelhas de tanto bater.

Hum… e as batatas fritas!? Nada de pacotes de batatas fritas compradas! Não havia nada disso. As nossas batatas fritas eram maravilhosas. Eram caseiras. Eram feitas por nós com tanto carinho. E com essa mesma devoção passávamos o tupperware branco, redondo e grande, pela camionete toda. E todos os que quisessem comiam das nossas batatas fritas feitas em casa nas vésperas. Eram horas em frente à panela de óleo a fritar, depois de outras tantas a descascar as semilhas e com a “máquina” cortá-las em fatias finas. Até isso era um prazer enorme. E todos gostavam das batatas fritas do Sr. Camacho!

“Senhor chofer por favor ponha o pé no acelerador…”

Share

Publicações relacionadas

2 Março, 2023

“Dia 3 de Março é dia de São Roque”


Ler mais
3 Março, 2021

São Roque está de parabéns


Ler mais
6 Novembro, 2020

Memórias e conversas soltas…


Ler mais

Eventos

Últimas

  • Grupo de Folclore da Casa do Povo de Gaula em intercâmbio na Azambuja
  • Junta investe em habitação, agricultura e requalificação de trilhos
  • Exposição lúdica da Associação Ornitológica da Madeira em São Roque
  • EB1/PE das Figueirinhas realiza mobilidade Erasmus+ na Áustria
  • Tunacedros de São Roque do Faial em digressão a Viseu
Copyright © 2018 Empresa Diário de Notícias, Lda. Todos os direitos reservados.