Élvio Ganança
Élvio Ganança
A freguesia dos Canhas estende-se do mar, à serra. É conhecida por ser uma freguesia de uma beleza natural única mas, também, de história e tradição.
Tem em si uma herança cultural, nomeadamente religiosa, que pode ser visitada e apreciada, dando-nos um relance do seu crescimento, ao longo do tempo.
Começando pelos Anjos, junto ao mar, encontramos a Capela de Nossa Senhora dos Anjos. Esta data de 1474, segundo o Padre António Cordeiro (autor da História Insulana). Passou por vários proprietários e inúmeras restaurações, tem uma arquitectura característica e nela podem ser encontradas as imagens do Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora dos Anjos e Nossa Senhora do Desterro.
Mais acima, já no coração da freguesia, encontramos a Igreja de Nossa Senhora da Piedade. Não se sabe ao certo a data da sua primeira edificação, mas sabemos que, em 1593, já estava edificada. Sofreu por várias vezes, sendo destruída pelo terramoto de 1748. Foi novamente erigida, a partir de 1753, a mando do rei D. José. Foi restaurada e aumentada ao longo do tempo e tem, no seu interior, uma riqueza ímpar. Desde o sino, imagens de Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora de Fátima ou Coração de Jesus, quadros a óleo, lampadários, azulejos, vitral, tapeçarias, entre outros elementos, é uma das igrejas com maior história e riqueza cultural, na nossa ilha. Dizem os antigos, que a sua beleza foi outrora maior, o que podemos constatar em fotos ou documentação histórica.
Partindo da igreja, e seguindo a Estrada Regional 222, em direcção ao sítio do Serrado da Cruz, encontramos 14 estações com uma cruz, denominadas de “Via Sacra”. Estão separadas por 100 metros, uma da outra, têm em si uma cruz um betão, um crucifixo de marfim em cruz de madeira, são numeradas em romano, e, possuem uma lápide de mármore com uma inscrição religiosa e o nome do benfeitor que custeou a construção da respectiva estação.
Mara de Sousa
A Via Sacra finda junto àquele que é o monumento religioso mais conhecido na freguesia e, provavelmente, no concelho, o Monumento de Santa Teresinha do Menino Jesus. A sua construção deveu-se a D. Matilde Cabral de Noronha, contando com o apoio financeiro de muitos conterrâneos e comunidades emigrantes, em países como a Venezuela, Brasil, África do Sul e Estados Unidos. A sua inauguração deu-se em 1964 e é, actualmente, um dos pontos turísticos mais visitados na Ponta do Sol.
Subindo sempre, e chegando à paróquia do Carvalhal, encontramos a Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Esta foi edificada onde era antes a capela de Santo André Avelino, sendo que, o findar da sua construção, deu-se na recta final dos anos 60, do século passado.
Ainda nesta zona, encontramos a Torre-Relógio da Levada do Poiso, que foi erigida com o objectivo de coordenar as águas de rega, tendo para esse efeito, um relógio que está em funcionamento e ali se encontra, desde 1890.
Mas as edificações não se ficam por aqui. Subindo em direcção à serra, encontramos ainda outros monumentos de destaque. O primeiro é o Monumento das Bem-Aventuranças, inaugurado em 1970, na zona da Cova Grande, junto ao posto florestal. Chegando ao Paul da Serra, encontramos a pequena Capela de Nossa Senhora dos Caminhos, inaugurada em 1966 e, em pleno Paul da Serra, à direita da estrada que liga aos Estanquinhos e Bica da Cana, encontramos o Monumento a Nossa Senhora da Serra, inaugurado, também, em 1966.
Estes são os principais marcos culturais edificados nos Canhas mas, em tempos, existiram algumas capelas que já foram demolidas, sendo elas: Capela de S. Tiago, Capela de Nossa Senhora da Encarnação, Capela de Nossa Senhora do Socorro, Capela de Nossa Senhora do Monte e de Santa Ana, Capela de Santo André Avelino e Capela do Sagrado Coração de Jesus.
Para quem desconhece, parece impossível que esta freguesia tenha, ou tenha tido, tamanha herança. Visitar esta terra, e ficar a par da sua história, é conhecer um pouco do que foram os Canhas, a Ponta do Sol, a Madeira e Portugal, ao longo dos últimos 5 séculos.