Continuam a ser muito significativos os estragos causados em campos agrícolas pelo pombo-trocaz. Os prejuízos recorrentes provocados pela espécie em quase toda a ilha continua a ser motivo de grande preocupação para os agricultores.
Embora seja um problema geral que afecta mais de 80 % das freguesias da Madeira, a freguesia de São Roque do Faial, concelho de Santana, tem sido das mais fustigadas pela indesejada presença desta ave. Os terrenos agrícolas, sobretudo os localizados nas zonas mais altas, são constantemente alvo do carácter oportunista do pombo-trocaz.
A preocupação é tanta e recorrente que autarca da freguesia pediu à Câmara Municipal para interceder junto do Governo Regional a tomada de medidas para, ao menos minimizar, os estragos provocados na agricultura pela espécie voadora.
Heliodoro Dória, autarca do PSD, levou o problema à última Assembleia Municipal de Santana. Pediu um ‘forcing’ das autoridades no sentido de dar resposta aos lesados, ao lembrar que “cada vez mais [os agricultores] vão abandonando os terrenos porque, se já é difícil por causa dos ratos e outras pragas, com o pombo-trocaz torna quase inviável as pessoas se dedicarem à agricultura”, avisou.
Embora considere “uma situação complicada de gerir”, Dinarte Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Santana (CDS), revelou não só ter conhecimento de “muitas reclamações” de residentes nas zonas altas, nomeadamente Lombo Galego, Fajã da Murta e Cruzinhas, como fez saber que tivera a garantia do presidente do Governo Regional de que seria “aberto um período de caça ao pombo-trocaz” fora das áreas residenciais.
Métodos de afugentamento pouco eficazes
Ora o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) lembra que “como forma de minimizar os impactos sociais e económicos desta situação o governo tem no terreno, há cerca de 30 anos, um programa de minimização dos estragos causados pelo pombo-trocaz nos campos agrícolas”, mas “não obstante este esforço, dada a extensão e intensidade dos estragos, estes métodos têm-se revelado insuficientes para responder satisfatoriamente ao problema”. O Instituto dirigido por Manuel Filipe faz notar que “há uns anos a esta parte, têm sido implementadas medidas de gestão complementares e excepcionais, que passa pelo abate das aves que, estando fora do seu habitat, causam estragos na agricultura. Como é o caso de muitos campos em Santana”, reconhece. Adverte no entanto que “estes abates só podem ocorrer em campos agrícolas e onde comprovadamente existam estragos”.
Face às imposições Europeias o Governo Regional admite que “a curto e médio prazo a actuação do governo continuará a ser de acompanhamento, disponibilização de equipamentos para minimização dos problemas e, quando estes não derem resposta, proceder ao abate controlado das aves nas zonas agrícolas”.
Saiba mais sobre as medidas do Governo Regional em relação ao pombo-trocaz na edição impressa do DIÁRIO desta terça-feira, dia 27 de Outubro!