A decisão da Diocese do Funchal de proibir, este Natal, as festas convívio à saída das missas do parto e do Galo, é vista por alguns como precipitada. Sobretudo por ainda faltar dois meses para a quadra festiva e ser prematuro avaliar a esta distância a evolução da pandemia na Região.
“Acho um bocado de exagero (proibir os convívios) porque ainda estamos a dois meses do Natal e não sabemos como é que a pandemia vai evoluir”, considera António Tanque, membro de vários grupos de música tradicional madeirense, nomeadamente o ‘Madeira Despique Gente Antiga’, ‘Grupo Seca Pipas’ e ‘Grupo Pastores do Monte’.
O professor natural da Tabua aproveita o anúncio do bispo do Funchal para expressar muitas dúvidas. “Por essa ordem de ideias como é que vai ser a Passagem do Ano? Não vai haver o fogo-de-artifício? Porque se vai haver fogo, o Funchal enche. É gente em cima de gente para ver o fogo. Como é que vai ser? E não só na baixa da cidade, nomeadamente na zona do cais que todos os anos fica à pinha, mas em muitos outros locais panorâmicos espalhados pela cidade. Como é que vão fazer? Vão proibir as pessoas de sair à rua na noite de fim-do-ano para ver o fogo?” questiona.
António Tanque admite que este ano as coisas não podem acontecer tal como em anos anteriores, mas ainda assim considera um excesso de zelo estar já a proibir que não se faça fora da igreja o que poderá ser feito no seu interior.
“Acho que é importante estarmos atentos, estarmos prevenidos e essas coisas todas, mas se chegarmos a essa altura do ano e continuarmos com um número de infectados muito reduzido e controlados, não estou a ver porque é que não se poderá celebrar desde que mantendo o devido distanciamento. Será mais seguro fazer a festa dentro da igreja que no exterior desta? Não vejo porquê. No exterior porque não criar alguma distância. Nem que seja fazer como fizeram em (Santuário) Fátima com marcas assinaladas no chão”, sugere.
Irónico, conclui ainda que se a proibição visa apenas as actividades no exterior da igreja, então sugere “fazemos dentro da igreja ou mesmo no salão paroquial”. Mais a sério, lembra que as recomendações sugerem actividades ao ar livre em detrimento de espaços fechados para concluir que “se calhar dentro da igreja é pior” para o risco de contágio do que no exterior desta.
António Tanque é da opinião que “o Natal na Madeira sem as missas do parto e sem as romarias de Natal, as chamadas romagens, é perder a essência do Natal”. Com as devidas cautelas, reclama mais bom-senso de todos para que se possa celebrar adaptados ao ‘novo normal’.
“É natural que não vai ser a mesma coisa, mas lá que as pessoas vão festejar, vão. Disso não tenho dúvida. Por isso, atendendo aos casos (Covid) que temos cá na Madeira e à forma como estamos a controlar, não vejo necessidade deste exagero de já proibir os festejos da missa do parto fora das igrejas”, concretizou.