Os censos 2021 só vão espelhar aquilo que a realidade da freguesia da Ponta Delgada já indica: em 2020 nasceram apenas três crianças. No ano anterior foram 15. Pouco. Muito pouco para quem não quer perder a escola ou a creche ou ser mais um ponto de passagem.
É olhando para este retrato que o presidente da Junta de Freguesia não deixa de antever um cenário negro para a localidade se a curva acentuada da demografia não se alterar: “Neste momento é a nossa maior preocupação”, mas existem outros indicadores que não antevêem um ‘mar de rosas’.
A taxa de envelhecimento aponta que a maioria da faixa de fregueses residentes situa-se entre os 62 e os 66 anos, ou seja, dentro de uma década, quando os recenseadores estiverem de volta, a população estará ainda mais idosa, quiçá com menos gente se o número de óbitos continuar com a média que está a ter.
As palavras de Miguel Freitas surgem na véspera do aniversário da localidade. Diz que nos seus dois mandatos “tem feito de tudo” para contornar esta tendência, que tem sido mais resistente que as políticas introduzidas, muito menos os 250 euros anuais de apoio à natalidade e todos os benefícios concedidos pelo município na ajuda à educação têm servido para estancar a razia, temendo que dentro de 10 anos
não haja meninos suficientes para manter a escola e creche abertas. “Se não houver um ‘boom’ poderá acontecer que a alternativa seja um parque escolar único”, antecipa.
Neste olhar pela localidade existem marcas que perdurarão, uma dessas que ficará cravada para a “vida” é a aluvião de 25 de Dezembro que causou um rasto de destruição: “Ainda estamos à espera que os acessos às Lombadas e à Fajã da Areia sejam requalificados. Temos a garantia que em Agosto iniciar-se-ão as obras, só nos resta esperar e acreditar que isso aconteça”.
“Mas nem tudo é mau”, como diz, aproveitando para enaltecer o potencial turístico que existe, nomeadamente no capítulo da segunda habitação e do alojamento local que está a ter uma forte procura por parte de cidadãos estrangeiros (russos, belgas, alemães ou ingleses), e também de madeirenses que recuperam as casas de familiares.