Orlando Pereira
Orlando Pereira
Eu sei que o Verão chegou ao fim, não só porque o calendário assim o diz – este estio que se arrasta setembro dentro, com uma brisa sul quente e verdadeiros dias mediterrânicos o confirmem – mas porque começaram as vindimas, confirmado pela expressão que desde miúdo ouvia os mais velhos dizer…
quando o vinho começar a ferver o mar “embravesse”. Foi sem dúvida um verão em cheio, o varadouro/praia do Jardim do Mar, mais conhecida por Portinho que esteve ao rubro deste que foi reconstruído o solário, danificado pelo embate das ondas durante anos. Graças ao esforço da Câmara Municipal e de entidades locais, a rápida recuperação daquele espaço balnear fez com que todos dias, sem exceção, dificilmente se encontre um espaço livre para estender a toalha, pois a partir das 9:00 banhistas madeirenses e estrangeiros reservam os três chapéus de sol cobertos de folha de palmeira com as toalhas de banho.
“Felizmente” chegou ao fim o Verão 2018, embora os dias calorosos e água quente ainda continuem por muito tempo. Começa agora o “Verão dos Surfistas”, é assim que eu trato a chegada dos primeiros Swells (ondulações) da época do surf, entre setembro e março, com a água quente e sol que continua a brilhar até meados de dezembro.
As primeiras fotografias de ondas perfeitas são colocadas nas redes socias, os olhares atentos dos surfistas “caçadores” de ondas perfeitas sem crowd, preparam as suas “Guns”(pranchas de ondas grandes), e enviam-me mensagens a perguntar qual a altura mais indicada para fazerem uma visita à ilha pois querem surfar nesta beleza natural e única que são as ondas do Jardim do Mar, pela sua perfeição, cor e potencial magestoso que só alguns surfistas experientes a conseguem surfar.
Nas últimas duas épocas de surf, os Big Riders (surfistas de ondas grandes) têm trocado a famosa Nazaré pela Madeira como o Campeão do Mundo de ondas grandes, Grant “Twiggy” Baker , o inglês Tom lowe ou Rusty Long que finalmente concretizou o seu sonho em ter uma casa na ilha. Rusty, surfista profissional e jornalista americano da elite do surf mundial, guardou este segredo durante anos, longe dos olhares de outros surfistas (sim, nós os surfistas somos egoístas, não gostamos de “partilhar” as ondas, ahahaha) e agora vai passar grandes temporadas na ilha à procura da onda perfeita.
Ultimamente é o que tem acontecido, aqueles que eram chamados “pés descalços” compraram casa, uma delas no valor de centenas de milhares de euros no concelho da Calheta.