Acorrentada e trancada a cadeado. É assim que se encontra a porta de (não) entrada no Fortim do Faial, monumento classificado como património cultural pelo Governo Regional e referenciado no site oficial do Turismo da Madeira como dos locais a visitar, também pela soberba panorâmica que oferece sobre uma vasta área da freguesia e da costa Norte.
Construído no século XVIII para vigia contra os invasores, o Fortim do Faial apresenta-se hoje como um miradouro e é considerado Monumento de Valor Local. Há várias décadas que mantinha sempre as ‘portas abertas’ para usufruto da população. Realidade que agora não se verifica com a colocação de ‘trancas à porta’, alegadamente pelo proprietário do espaço.
O bloqueio foi já esta tarde denunciado pelo presidente da Junta de Freguesia do Faial. Manuel Andrade recorreu à sua página pessoal no Facebook para dar conta da novidade ao mesmo tempo que aproveitou para questionar, ao escrever “Fortim do Faial trancado. Para quando uma solução?”.
Entretanto, ao DIÁRIO das Freguesias, Manuel Andrade admitiu que “nos últimos dias” havia sido avisado pelo representante legal da família Catanho Meneses, da intenção de colocar “trancas à porta” do Fortim, impedindo assim o livre acesso ao espaço que em 1996 foi classificado como património cultural e alvo de recuperação promovida por instituições locais, com destaque para a Casa do Povo do Faial.
Na opinião do autarca faialense o Fortim do Faial “é um problema da colonia”. Propriedade da família de João Catanho de Meneses – advogado e político natural do Faial, nascido a meados do século XIX, e que entre outras funções de relevo, foi deputado, senador, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e, por diversas vezes, Ministro da Justiça durante a Primeira República Portuguesa, e ainda Bastonário da Ordem dos Advogados – o Fortim do Faial esteve votado ao abandono nas últimas décadas do século passado, até ser alvo de recuperação levada a cabo por entidades públicas, que terá sido concretizada com a contrapartida do espaço ficar acessível ao usufruto público.
Tanto assim era que a própria Junta de Freguesia, por ocasião da quadra de Natal, decora com iluminação as árvores que embelezam o miradouro.
Por ser “um lugar emblemático não apenas da freguesia mas também da própria Região”, Manuel Andrade gostava de ver o Fortim do Faial passar para a “esfera pública”. Deixa claro que a Junta de Freguesia não tem dinheiro para sequer pensar entrar num possível negócio, mas espera que outras entidades, municipais ou regionais, consideram essa possibilidade tendo em conta a importância do monumento de arquitectura recreativa e novecentista construído no século XVIII, e o miradouro que recria uma bateria militar, de planta semicircular, acompanhando o perfil da encosta onde está implantado.
“Não posso fazer mais do que reclamar”, concretizou o autarca.