No âmbito da Área de Competência, Cidadania e Empregabilidade, do Curso EFA B3, 2º ano, da Escola Básica e Secundária de Santa Cruz, sob a organização do Professor Arlindo Aguiar, realizou-se na última semana uma palestra intitulada, Conversar ao Anoitecer, conversa esta, entre a Professora Júlia Caré, docente e Conselheira Municipal da Igualdade de Género, do Município de Santa Cruz e os formandos e formadores dos Cursos EFA, da referida escola.
Esta conversa teve uma temática, específica, actual e vigorosa, a violência doméstica e as desigualdades, quer do ponto de vista, familiar, quer também como cidadãos pró activos, na defesa dos valores, da Igualdade, Liberdade e Respeito pela dignidade humana.
De acordo com Arlindo Aguiar, “a conversa versou sobre vários episódios da violência e desigualdades no quotidiano mas também, no país pós 25 de Abril. Os formandos presentes, entusiasmados pela palestrante e pela importância de quebrar tabus e preconceitos, intervieram na defesa das mulheres, que em Santa Cruz, na Madeira, em Portugal, na Europa e noutros continentes, vivem o terror da violência e do preconceito, pela busca de uma sociedade verdadeiramente igualitária e intransigente com os abusos e ataques à Liberdade e ao pleno direito do gozo da igualdade, independentemente do género e da raça, da religião e da cultura.”
Houve ainda tempo, para a visualização de dois vídeos, sobre as autoras de Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. “Este testemunho Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e actualidade, do ponto de vista literário e social. Comprova-o o facto de poder ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas (ou emergentes dos Estudos Feministas, como a teoria queer), uma vez que resiste à catalogação ao desmantelar as fronteiras entre os géneros narrativo, poético e epistolar, empurrando os limites até pontos de fusão.”
Desta conversa, prossegue o professor responsável pela organização, “sobressaiu a contínua necessidade de não silenciar os abusos ainda existentes sobre os Direitos, Liberdades e Garantias da Mulher num mundo, onde as desigualdades entre homens e mulheres continuam evidentes, da vontade de atenuar o peso da religião nalguns territórios, onde a chicotada e o apedrejamento da mulher é lei e justiça, e a necessidade de combater a cumplicidade de alguns governantes mundiais, nomeadamente, políticos europeus, onde se calam e silenciam cobardemente perante o sofrimento de seres humanos (mulheres e crianças), em países ditatoriais e territórios religiosos fundamentalistas.”
Argumentos para Arlindo Aguiar deixar o repto: “Urge não calar, não ser cúmplice e conivente desta violência e terror que em pleno Século XXI ainda subsiste e até nalgumas regiões tende a intensificar-se”, concretizou.