Marcelo Gouveia
Marcelo Gouveia
Reza a história que é um “…costume antigo…” e que teve início “…no século XVIII.”, onde são promovidas nove missas que decorrem nas madrugadas do dia 15 ao dia 23 de dezembro.
Falo das conhecidas “Missas do Parto” que são celebradas em comemoração da gravidez de Maria, mãe de Jesus.
Uma tradição madeirense que para além da liturgia, junta o convívio, o profano e a recreação.
O adro da igreja parece pequeno para receber todos os interessados em participar, criando uma moldura humana agradável, cativada pelas palavras do pároco que, nesta época tão bonita, são os primeiros a entoar as músicas de Natal.
Após o imponente ato litúrgico, eis que as pessoas reúnem-se e partilham os comes e bebes; as bebidas quentes; os licores; as tradicionais broas de mel e as sandes de carne vinha-d’alhos.
As conversas e os cumprimentos multiplicam-se e os desejos de um Feliz Natal fazem eco de boca-em-boca.
São momentos que todos aproveitam para conviver e divertir, catapultando as emoções para um início de labor mais bem-disposto.
Depois, é ver a capacidade vocal de cada um, nos despiques e cantares natalícios, que motivam gargalhadas e boa disposição, desafinações e afinações que ninguém leva a mal.
Todos se sentem capazes de cantar, pois a música tem essa capacidade expressiva e as melodias, desta quadra, são especiais. A letra… essa parte, já está ensaiada, pelo passar dos anos.
O cheiro das iguarias pairam no ar e abre o apetite, até dos menos famintos que acabam por não resistir ao perfume das sandes e das canjas de galinha.
Os grupos de amigos juntam-se em redor dos habilidosos do acordeão e do rajão, bem como, dos pandeiros que propagam uns sons incríveis que derretem os presentes e convidam a mais um licor.
Na “minha” paróquia de São Roque, mesmo à distância de dois passos, esta cerimónia toma lugar e bem cedo a azáfama se faz sentir. A estrada fica repleta de viaturas para se fazerem à igreja e todos os cantos são bons para estacionar.
Faço questão de estar presente quero partilhar estes momentos que ficam na memória. Depois, bem depois, vamos falando àqueles que não puderam comparecer, incentivando-os a experimentar, como também, aos mais preguiçosos que não conseguem acordar.
Todos os dias são especiais e são apelativos à presença da comunidade, mas nos últimos dois anos, a Junta de Freguesia de São Roque tem organizado o “pós cerimónia litúrgica” com muita pompa e circunstância, contando com a presença do animado grupo musical Madeira Despique, também ele composto, maioritariamente, por sanroquinos e altamente solicitado nestas andanças.
Será já no próximo dia 20!
Todos os caminhos irão dar a São Roque, numa das mais bonitas Missas do Parto, do Funchal.