Ricardo Augusto
Ricardo Augusto
Ocorreu-me desta feita, falar sobre um tema que cada vez mais está na moda e que cada vez mais suscita curiosidade e interesse, não só entre os profissionais do canal HORECA mas também entre o público em geral (sim porque faz-nos ser noticia “lá fora” com os famosos Chefes Portugueses e os seus espaços galardoados).
Todos os anos, vários restaurantes são agraciados e presenteados com as estrelas Michelin, uma das classificações mais importantes do mundo da gastronomia e que representam o sonho ou o pesadelo de qualquer Chefe de Cozinha. Para termos uma ligeira ideia, ganhar uma estrela significa a ascensão do restaurante ao passo que perder uma delas pode levar até a uma tragédia. Em fevereiro de 2003, um Chefe suicidou-se aos 52 anos, desesperado com o rumor de que o seu restaurante iria perder a classificação de “três estrelas” no Guia Michelin…
Sim, existe uma relação entre as estrelas para a cozinha e a marca de pneus e a ideia remonta ao ano de 1900 quando André Michelin, o fundador da Compagnie Générale des Établissements Michelin, a famosa marca de pneus, que tem como mascote o Bibendum (o conhecido boneco dos pneus) decidiu criar um guia para promover o turismo automóvel através de um roteiro que reunisse um grupo de hotéis e restaurantes de qualidade para o público-alvo pretendido.
Ao longo dos anos o “Guia Michelin” foi ganhando proporções inesperadas até tornar-se, nos dias de hoje, o principal indicador dos melhores restaurantes e hotéis do mundo inteiro.
As estrelas (num máximo de 3 por restaurante) são definidas mediante visitas dos inspetores que avaliam, entre outros critérios, a qualidade dos produtos, a forma e ponto de cozedura, a criatividade, o sabor, a consistência e regularidade da cozinha e claro, a relação qualidade/preço.
Os restaurantes nunca são informados da presença dos mesmos durante a refeição até porque estes comportam-se como clientes regulares e atuam de forma anónima. No entanto existem alguns “sinais” ou hábitos para que não exista distinção entre os restaurantes candidatos. Os inspetores comem sempre aos pares, um pede água e o outro vinho e normalmente, com o intuito de medir a atenção dos colaboradores da sala, deixam, sem atirar para não fazer barulho, um garfo no chão.
Todos os anos os restaurantes são avaliados e podem ganhar ou perder estrelas na classificação
Ganhar uma estrela pode chegar a ser desesperante para os donos e chefes de um restaurante, tal é a minuciosa avaliação. Ganhar três estrelas é significado de uma cozinha de luxo e irrepreensível.
Nós na Calheta não temos restaurantes com estrelas Michelin mas temos sim um restaurante que já foi alvo de uma visita de dois “monstros” da cozinha (ambos Chefes e donos de vários restaurantes com três estrelas) que simplesmente disseram ter tido “a refeição mais genuína em toda a Ilha da Madeira”.
*O Japão é o Pais do mundo com o maior número de restaurantes “estrelados” e Estrelas Michelin em japonês escreve-se assim!