Mara de Sousa Freitas
Mara de Sousa Freitas
Os avanços técnicos têm vindo a ocupar um lugar de grande destaque na nossa sociedade. O conhecimento científico evolui a uma velocidade vertiginosa e estabelece uma ferramenta de poder inigualável.
O mundo está a transformar-se numa «pequena aldeia global» onde parece que todos têm acesso a tudo. Mas teremos nós uma sociedade preparada para os desafios colocados por estes avanços, nas suas múltiplas dimensões?
Ora recordemos o verdadeiro propósito do conhecimento. O conhecimento é, em si mesmo, uma forma de poder, e por conseguinte, uma responsabilidade – o princípio da responsabilidade – cunhado e desenvolvido por Hans Jonas. A responsabilidade fundamental reside em saber como usar esse conhecimento de tal modo que possa influenciar positivamente a vida do outro, dos outros e do mundo. Os avanços no campo do conhecimento técnico e científico fazem nascer a aspiração, como nos recordou Paul Ricoeur, «a uma vida boa, com e para os outros, em instituições justas». Mas será assim que eles acontecem?
Esta obra procura oferecer uma ferramenta fabulosa de elucidação, acessível à sociedade, especializada ou não, de tal modo que possa constituir-se como instrumento de apoio às mais variadas decisões sobre a saúde e sobre a doença, no que à genética diz respeito. Esta obra – «Genética para todos» -, apresenta elementos para a reflexão sobre como deve ser utilizado o conhecimento para a melhoria da qualidade de vida, e da vida de cada cidadão.
Como a própria capa do livro recorda, evocando Stephen Hawking «Um mundo em que apenas uma superelite reduzidíssima fosse capaz de compreender a ciência e a tecnologia avançadas e as suas aplicações seria, do meu ponto de vista, um mundo perigoso e limitado.» Por isso, este livro reúne de uma forma clara, pedagógica e rigorosa os elementos necessários à prudência contida na ação de cada cidadão, na medida em que é, em si mesmo, uma ferramenta para o exercício de uma cidadania informada e esclarecida, que respeita a autonomia e liberdade de cada pessoa.
Fritz Jah, em 1927, cunhou o termo «bioética» e sublinhou que era necessário «respeitar todo o ser vivo como princípio e fim em si mesmo e tratá-lo, se possível, enquanto tal. Mais tarde Van Rensselaer Potter, em 1971, identificou a «ciência da sobrevivência», deu-lhe o nome de «bioética», e recordou: «a humanidade necessita urgentemente de uma nova sabedoria que lhe proporcione o «conhecimento de como usar o conhecimento» para a sobrevivência do homem e melhor qualidade de vida».
Esta obra trata, pois, de uma «ciência da sobrevivência», na procura de tornar acessível – «para todos» -, um conhecimento especializado que a todos diz respeito, por isso, muito obrigada aos autores, Professora Doutora Heloísa G. Santos e Professor Doutor André Dias Pereira pela oportunidade que deram à Região Autónoma da Madeira, com a vossa presença e com a apresentação desta obra, no Funchal, na Madeira. Bem hajam.