Andreia Gouveia
Andreia Gouveia
O trigo é tão antigo como a História do arquipélago, é um património que nos conta detalhadamente a faina deste cereal que fazia parte do dia a dia das famílias, desde a sementeira do grão, até a amassadura do pão e nesta matéria, a freguesia de Gaula é portadora de uma história inigualável.
Gaula é terra de tradições e é nas tradições que reside a forma mais genuína de um povo. Há muito tempo atrás, debulhava-se o trigo pelos poios a perder de vista, aproveitando a força motriz da água, muito abundante nesta freguesia, e que o diga todo o património ligado a este bem-essencial, os moinhos, os lavadouros de levada e os fontenários espalhados um pouco por toda a freguesia.
A verdade, é que com o passar do tempo, as grandes produções de trigo foram diminuindo, não só pela menor produtividade que se foi verificando nos terrenos, mas também pela preferência dos agricultores por outras culturas mais lucrativas, no entanto, os gauleses resistiram ao virar dos tempos e juntaram-se, ainda que numa pequena produção, para manter viva a essência desta arte que é a cultura do trigo e a sua posterior debulha.
No sitio da Achadinha, na Achada de Gaula, numa solarenga manhã de sábado, juntam-se os produtores à volta da debulhadora, entre a labuta, os risos, as cantorias e aquele jaqué, o barulho inconfundível da máquina atrai os mais curiosos. Carros carregados de trigo, dos produtores locais, vão chegando e descarregando, os mais novos ajudam como podem e fica a certeza e a esperança que a tradição terá a sua continuidade. Dá-se assim uma reconstrução histórica, vivida intensamente por todos e com a colaboração da associação TRAGA (Associação de Folclore Tradições de Gaula).
A Junta de Freguesia de Gaula sempre apoiou as tradições e a cultura tradicional de trigo não ficou esquecida, nesse sentido, criou-se um apoio financeiro para estes produtores locais, na medida das possibilidades orçamentais da autarquia, num gesto claro de incentivo a esta atividade centenária.
Juntos fazemos a diferença, marcamos o compasso do tempo, mantemos viva a essência que nos liga à terra, até para o mês que vem!