Estão na moda os cookies.
Cada vez que entro numa página da internet, sai um cookie. É uma invasão tão silenciosa que nem vemos as opções. Parece fogo de artifício!
Em tempos, parece que há mais de um século, ouviu-se falar da RGPD, a tal política de privacidade – até parecia que voltávamos todos a usar saiote. Hoje, está acabando o covid, ninguém sequer tem lembranças da RGPD e agora estão chegando as cookies! Santa misericórdia!
Longe vão os tempos, em que as cookies, as tais, bolachas, eram oferecidas na porta da casa de todas aquelas pessoas que minha mãe tinha uma alcunha ou um sobrenome especial. Era a Fernanda do Perneta, A Luisinha (que já nessa altura tinha 72 anos de “inha”), era a Dona Felicidade das massagens de “curar de aberto” e, entre uns mil e dez outros vizinhos, era também a Manuela do Blota. Era incrível a quantidade de cookies. Íamos lá fazer a visita, eu e os meus irmãos mais pequenos – minha mãe era a anfitriã – e existiam bolachas para toda a gente. Fazíamos logo amizade. Nem tínhamos hipóteses, nem assinávamos política de privacidade – nada! Nem aparecia a mensagem de “personalizar a cookie”. Que magia!
Hoje, voltando ao assunto das cookies, é infernal que todo o site quer oferecer cookies. São cookies que nos levam os dados, que valem milhões, que fazem as coincidências não serem mais coincidências, são quase espiões, sabem tudo de nós! Imaginem lá que eu nem me lembro do dia de aniversário do meu tio Toni. E ele, também dava-me uma cookies (e rebuçados)! Mas estas cookies de hoje, sabem até da vida do João, aquele que teve emigrado na Venezuela 37 anos e teve de regressar.
Confesso que gostava mais das bolachinhas Maria que tinha no Campanário. Eram sequinhas, acompanhadas com laranjada mas tinham uma magia que nenhuma cookie tem hoje.
Tenho saudades dessas cookies
Estas cookies de agora nem manteiga da Ilma levam.
Livrai-nos de tanta cookie!
Prefiro as do Campanário.