A Festa da Alegria 2023 arrancou esta sexta-feira à tarde, no Montado da Esperança, em São Roque, juntando meia centena de crianças e jovens de associações desportivas, culturas e recreativas da freguesia. Miúdos e graúdos assistiram à palestra/conversa que deu início ao evento. Um momento que girou em torno da figura do leiteiro e da importância da venda de leite porta a porta não apenas em São Roque, mas em toda a Região.
“Historicamente há conhecimento de que existia um grande número de cidadãos da freguesia que vendiam leite cru de vaca porta a porta. Uma profissão que se extinguiu, mas que em tempos foi essencial enquanto fonte nutricional para toda a população, e enquanto fonte de rendimento para os leiteiros. Daí a nossa homenagem a esta nobre e tradicional profissão”, sublinhou o presidente da Casa do Povo de São Roque e presidente da Junta de Freguesia local, Pedro Gomes, responsável pela organização deste típico arraial madeirense.
Pedro Gomes falou sobre o orgulho que os madeirenses têm dos produtos regionais, sejam produtores, sejam consumidores, porque reconhecem a sua autenticidade e qualidade.
Já a palestra ficou a cargo do veterinário Daniel Bravo da Mata, director do Departamento de Desenvolvimento Pecuária, da Secretaria Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Daniel Bravo da Mata sublinhou as características únicas dos produtos agro-pecuários madeirenses e a importância da origem dos mesmos para o consumidor.
“Os empresários do setor primário e os consumidores reconhecem a qualidade dos produtos regionais, e também a identidade ou origem dos produtos. É algo muito importante, uma vez que gera valor acrescentados aos produtos regionais”, referiu.
“Temos produtos originários de uma ilha, com características únicas. E há consumidores que preferem os produtos únicos aos indiferenciados. De forma direta ou indireta isso gera uma atividade económica bem como receitas para a economia e para as empresas regionais”, explicou o responsável, que aproveitou para falar sobre os avanços do sector primário na Região.
Raça da Terra e Oficina dos Laticínios
Durante a palestra, Daniel Bravo da Mata, referiu que a Autoridade Nacional de Alimentação e Veterinária ficou a conhecer a pretensão do Governo Regional em obter o reconhecimento do bovino da Madeira enquanto raça autóctone, com a denominação de ‘Raça da Terra’.
“Uma carne que advenha de uma animal da Madeira com a denominação ‘Raça da Terra’ é diferente de uma outra carne que venha, por exemplo, de França. O cliente que quer esta carne da espécie ‘Raça da Terra’ procura um produto único com características únicas, e não um produto indiferenciado, criando-se valor acrescentado ao produto regional”, explicou.
O responsável pelo Departamento de Desenvolvimento Pecuária lembrou, ainda, o projeto de recuperação da antiga queijaria em Santana, que irá ter a denominação de ‘Oficina dos Laticínios’.
“Na próxima legislatura lançaremos a Oficina dos Laticínios que terá várias valências das quais destaco duas. A primeira tem a ver a educação e a formação: vamos receber alunos das escolas e da Universidade da Madeira e ainda vamos dar formação na área dos laticínios”, explicou.
A segunda valência, continuou, “é a possibilidade que a Oficina irá proporcionar aos pequenos produtores de leite que não tenham a queijaria. Estes produtores podem recorrer à Oficina para transformar o leite cru num produto lácteo transformado evitando os custos inerentes à produção”. No fundo, trata-se de uma base de apoio do Governo Regional a quem quer integrar o setor primário e aos empresários que já estão a laborar nesta área”, concluiu.