A coordenação da ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias, delegação da Madeira, prepara-se para uma mudança de liderança. O processo só acontecerá em 2026, mas já se falam de nomes. Tudo porque, com a eleição de Celso Bettencourt para a presidência da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, o cargo que até agora ocupava na coordenação regional ficará vago, abrindo caminho a uma nova composição, num processo que promete ser marcado por equilíbrios políticos e pelo peso do PSD-M no mapa autárquico regional.
Não haverá dúvida que a lei do mais forte deverá prevalecer. A maioria das juntas de freguesia madeirenses está nas mãos dos social-democratas ou de coligações lideradas pelo PSD-CDS, o que torna praticamente inevitável que a sucessão fique dentro do mesmo universo político. Mesmo que toda a oposição se una, o número de autarcas socialistas, do JPP ou de candidaturas independentes não é suficiente para alterar o desfecho.
Nos bastidores, os nomes mais falados para assumir a coordenação são os de Marco Gonçalves (São Martinho), Manuel Filipe (São Pedro) e Pedro Araújo (Imaculado Coração de Maria), todos eleitos no concelho do Funchal. Também Tiago Freitas surge mencionado como hipótese, reforçando a ideia de que o poder dentro da ANAFRE-Madeira tenderá a concentrar-se em freguesias urbanas do Funchal.
A escolha não é apenas simbólica. A coordenação regional da ANAFRE tem um papel estratégico na representação dos interesses das freguesias junto do Governo Regional e nas reuniões do Conselho Geral Nacional, onde se debatem matérias essenciais para o poder local, desde o financiamento das autarquias à descentralização de competências. O cargo exige presença regular, conhecimento técnico e capacidade de articulação política, sendo frequentemente visto como um trampolim para outros patamares de responsabilidade pública.
A saída de Celso Bettencourt encerra um ciclo de afirmação política dentro da estrutura associativa, num momento em que a ANAFRE enfrenta novos desafios, incluindo a necessidade de reposicionar o papel das juntas na execução de políticas de proximidade. Para o PSD, a reorganização interna é também uma oportunidade de consolidar a sua influência num órgão que, além da dimensão técnica, tem forte visibilidade política.
A expectativa é que a sucessão se defina nas próximas semanas, após auscultação dos presidentes de junta. Mas, no actual cenário, tudo indica que o novo coordenador da ANAFRE-Madeira será um nome escolhido dentro do círculo funchalense social-democrata, num processo que confirma que, em política autárquica, a lei do mais forte faz diferença.