Jaime Gomes
Jaime Gomes
Defender o Norte e o que o faz único é sempre defender a Madeira como região e potenciar o que de melhor se faz cá dentro. O Norte é como um fio condutor que interliga localidades, ultrapassando limites e fronteiras, conduz a quem nos visita a um outro patamar de apreciação da Natureza e inegável beleza e é por si só uma base que fazem da nossa região, um marco na história do turismo madeirense.
Desde sempre que oiço falar na importância do turismo para a Madeira, mas a verdade é que à poucos anos é que se começou a ver surgirem unidades hoteleiras no Norte. Os turistas ficavam quase sempre no Funchal e depois em excursões visitavam o Norte fugazmente e de passagem. Apenas em raros casos pernoitavam. Mas acredito que a par das imagens de uma cidade linda, como é o Funchal, levavam sempre e também imagens de um Norte intocado e forte, marcante.
Felizmente que são já inúmeras as unidades hoteleiras que surgiram e que têm vindo, cada vez mais a colocar o Norte no mapa do turismo regional. Fruto de um esforçado investimento de empresários locais, são peça importante e fulcral para levar o desenvolvimento a todos os cantos da ilha e não apenas concentrado no Funchal.
Até algum tempo atrás vender a Costa Norte era difícil, mesmo que nas brochuras e imagens vendíveis da ilha, algumas fossem de um norte verde e pujante de natureza. Mas era um Norte apenas visitável, lindo mas distante, pois no final do dia lá se fazia o caminho de volta à capital. Hoje cada uma das freguesias nortenhas é um ponto de retorno, é uma capital em potência.
A Ponta Delgada possui um Hotel com a classificação de 4 estrelas, Hotel Monte Mar Palace e diversas outras unidades de alojamento, de que são exemplos a Casa da Capelinha, Estalagem Corte do Norte, Apartamentos Enxurros (AL), Apartamentos Oliveira (AL), Casa Abreu (AL) Casa da Beira (TER) apenas para mencionar algumas de entre as muitas que foram surgindo nos últimos tempos.
A Ponta Delgada cresceu também neste ciclo, apareceram as primeiras unidades de alojamento local, ou de turismo em espaço rural, o Hotel. Vendeu-se e bem, o sossego e a tranquilidade para dentro e fora, sucedeu-se lhe o turismo de natureza e um turismo mais ativo. E agora? Que temos de diferenciador que nos distinga de tantos destinos insulares, alguns bem mais acessíveis, mas massificados? Bem, continuamos a ter tranquilidade e sossego e a Natureza ainda mantém um carácter forte e presente. E isto é muito, é um ponto de partida mais que apenas um ponto de chegada.
Faz falta fomentar, ainda mais, a qualidade do nosso produto. Apostar na qualificação e requalificação dos recursos humanos disponíveis. Fazendo do sector do turismo uma verdadeira saída profissional, ajudando a fixar jovens afastando-os de uma abandono forçado da terra onde nasceram. Faz falta apostar no que nos diferencia, no que nos faz únicos e diferentes, por exemplo o conjunto de tradições ancestrais fundadas num processo de humanização que vem desde o início da povoação e que em muitos casos está muito presente, no dia á dia das populações. Apostar ainda mais na qualidade de produção de produtos agrícolas e o seu uso por parte das unidades hoteleiras locais como parte de uma estratégia integrada de promoção e fomento de um desenvolvimento sustentado. Faz falta continuar a apostar no turismo de natureza e ativo. A este propósito tem sido inúmeras as presenças nas freguesias de Ponta Delgada, Boaventura e São vicente de reconhecidas marcas internacionais ligadas aos desportos de natureza, aproveitando dessa forma as condições únicas que temos. Fazendo dessas presenças alavancas de divulgação e aproveitando ao máximo a exposição mediática.
Fazem falta, ainda, projetos âncoras, e o Norte é por si só um projeto âncora, pela toda força que possui. É importante continuar a inovar e trilhar novos caminhos. É fundamental a criação de novos e inovadores projetos âncoras dentro do território. A recuperação e transformação em museu a céu aberto do caminho entre a Ponta Delgada e a Boaventura, conhecido como a Estrada da Vista do Senhor Bom Jesus e a continuação pela Entrosa até á freguesia do Arco de São Jorge é um bom exemplo. Irá preservar-se uma parte importante da história da Madeira e dar a conhecer ao mundo uma odisseia muito nossa. Sendo que para as freguesias da Ponta Delgada e da Boaventura este é um investimento tão importante como as novas vias de acesso, porque são projetos de fundamental importância no contexto local e regional, potenciando contextos únicos e investimentos futuros.
Apostar na dinamização de espaços únicos como é o exemplo da Casa Museu Horácio Bento de Gouveia, que por enquanto refém de vontades privadas e usos alheios à freguesia mantendo-se de portas fechadas, negando a visitantes e estudiosos o acesso a valioso espólio cultural que é uma ferramenta de interpretação de uma realidade rural passada que importa não perder.
As oportunidades estão aí, o crescimento do turismo a nível mundial é uma realidade, a Ponta Delgada tem todas as qualidades para se afirmar com destino ímpar e de qualidade no panorama regional, fazendo valer o antigo e o novo, projetando-a para o futuro como espaço de partilha e crescimento entre residentes e visitantes.