São poucos os criadores de gado ovino na freguesia do Arco de São Jorge, tão poucos que sobram dedos das duas mãos para conta-los. “São sete”, enumera o presidente do Clube Desportivo local que organiza e promove a festa das tosquias, uma actividade que segundo o dirigente associativo “está a crescer lentamente” na localidade por via do “abandono do cultivo” da uva jaqué, dos hortícolas e de outras culturas que não oferecem rentabilidade.
A alternativa, diz Nélio Gouveia, que acumula o exercício do clube com a presidência da Junta, passa pelo apascentamento nos terrenos baldios, mas a esperança também não é muito animadora uma vez que o “criador mais novo tem 55 anos”.
O despovoamento da freguesia é outro problema que atinge a freguesia do concelho de Santana, sobretudo por assistir ao pouco interesse dos mais jovens pela criação de gado.
Justamente por reconhecer tanta contrariedade é que a colectividade deitou a mão a um costume antigo numa tentativa de reanimar o sector que já foi importante no norte da Ilha: a pastorícia.
“Apesar de só ser sete criadores existem 70 ovelhas”, uma média que faz sorrir o autarca social-democrata. “Podiam ser mais, é facto, mas não deixa de ser um número interessante para os poucos criadores que temos”, reage, frisando toda a envolvência do dia.
“O programa da festa conta com um cortejo das ovelhas e com os seus respectivos criadores, desde a sede do clube até ao local onde decorrerão as tosquias. Segue-se um almoço para os participantes cujo prato será o tradicional borrego. A partir das 14 horas serão iniciadas as tosquias que serão animadas musicalmente pela Banda Filarmónica do Arco de São Jorge e pelo duo musical ‘Avelino e Daniel’.
Associado a esta iniciativa está uma exposição e concurso de carrinhos de cana com o intuito de mostrar à geração mais nova um dos brinquedos mais apreciados das gerações mais antigas”, expressa lembrando o orgulho que teve em conduzir estes artefactos.
Mas existe outra realidade mais animadora, aponta. O investimento do Grupo Pestana na remodelação da Quinta das Rosas está a suscitar ânimo junto da comunidade e pode galvanizar interesse de outros investidores: “Será importante para a freguesia face à perspectiva de entrada de mais visitantes e um aumento da procura de turismo, de resto começar a notar aquisições de casas para unidades de alojamento local”.