O projecto da ampliação da aquacultura no mar do Campanário é vista pela Associação Desportiva local como uma medida desequilibrada e por isso “abusiva e lesiva”, em particular para o Calhau da Lapa, face ao forte impacto negativo que representa. Luís Drumond, presidente da direcção da Associação Desportiva do Campanário (ADC) elogia a iniciativa “louvável e pertinente” desencadeada pelo movimento ‘Ribeira Brava sem mais jaulas’, a quem deixa um desafio: a realização de um estudo multidisciplinar de valorização e protecção daquela faixa costeira.
Posição assumida na resposta hoje dada ao pedido de colaboração endereçado pela coordenação do movimento ‘Ribeira Brava sem mais jaulas’, que convidou a ADC e colaboradores a difundir o abaixo-assinado junto da população e a divulgar as acções de mobilização por esta causa. Luís Drumond só lamenta que esta mobilização não tenha ocorrido também por ocasião da construção da ETAR do Campanário, que considera representar uma “perigosa agressão ao Calhau da Lapa”.
Eis o teor da ‘carta aberta’ enviada pelo presidente da ADC à coordenação ‘Ribeira Brava sem mais jaulas’:
A Associação Desportiva do Campanário, instituição sem fins lucrativos e de Utilidade Pública, desde a sua constituição em 1997, inspirou-se no seu emblema no Ilhéu do Campanário e desde logo, especialmente pela sensibilidade que nos foi incutida pelo então vice-presidente e vogal, Idalino Rodrigues e Hilário Pinto, todos nos envolvemos num processo de sensibilização, promoção, valorização, dinamização e defesa do Calhau da Lapa em particular e do Campanário no global.
A nossa participação ao longo dos anos é por demais evidente, desde as iniciativas que promovemos de limpeza, à intervenção na recuperação e do cais e núcleo do Calhau da Lapa, à dinamização das casas do Calhau da Lapa e apoio à manutenção dos espaços públicos, ao não deixar cair a tradição do Espírito Santo, à promoção da pesquisa e edição de um livro sobre o Calhau da Lapa, ao fomento das intervenções nas escadarias com arte, à realização de filmagens sub-aquáticas, aéreas e terrestres que integraram um vídeo sobre o Campanário, entre muitas outras iniciativas e acções já realizadas, e outras que gostaríamos de dar o contributo para uma maior valorização deste espaço emblemático raiz de Campanário.
O projecto da ampliação da aquacultura já existente no Campanário, mas com ampliação, para duplicar capacidade ocupando uma área que aproxima-se do Ilhéu do Campanário e do ex-libris do Calhau da Lapa, também nos parece, abusiva e lesiva a vários níveis para o Campanário, para o Calhau da Lapa em particular, mas também para a Madeira, pelo desequilíbrio que se pretende instalar numa faixa costeira de relevante interesse multitemático da ilha, causando um forte impacto negativo imediato e de futuro.
Aliás, pena foi não ter havido esta mobilização na recente e perigosa agressão ao Calhau da Lapa, nomeadamente com a construção da ETAR do Campanário, na linha de convergência da Ribeira de Campanário que desagua no Calhau da Lapa, e que a ADC associou-se e manifestou-se formalmente CONTRA esta localização apresentando uma proposta alternativa e de valorização da freguesia, com redireccionamento da ETAR para a Ribeira dos Melões, em terrenos já da RAM, sob viaduto da via-rápida da Ribeira dos Melões, criando uma nova acessibilidade de ligação dos vales destas duas ribeiras e ‘metades’ da freguesia de Campanário (Massapêz, Vigia, Porta Nova, Pedra), confluindo toda a rede de esgotos de Campanário para um único ponto e por gravidade, afastando da ‘pérola’ do Calhau da Lapa, que em caso de problema com funcionamento da ETAR, será afectado pela sua descarga.
A vossa iniciativa, louvável e pertinente, em meu ver, deverá acrescentar uma dinâmica que ainda não foi desencadeada, ou seja, uma lógica complementar positiva, construtiva e de valorização, concretamente:
1 – Promoção de um estudo multidisciplinar (Governo, UMa, autarquias locais e outras instituições de valia para esta temática), especialmente de natureza histórica, geológica e da área da biologia marinha e terrestre, sobre a faixa costeira (terrestre e marítima) da Fajã dos Padres e Cais da Ribeira Brava com vista a:
É neste contexto, que gostaria de dar o meu contributo individual e colectivo através da ADC, promovendo uma luta contra justa e pertinente, mas também, com a mesma energia e capacidade de sensibilização e mobilização, promover uma luta a favor do estudo multidisciplinar de valorização e proteção desta faixa costeira entre Campanário e Ribeira Brava, a exemplo do que recentemente foi feito com a vertente pertencente ao Concelho de Câmara de Lobos, criando protecção e inclusive com valorização, nomeadamente com afundamento de um navio.