‘O Regresso dos que nunca partiram: Memórias e histórias da emigração de São Roque do Faial’ é fruto de uma investigação sobre os fluxos migratórios de S. Roque do Faial levada a cabo ao longo de sete anos. Através da análise de fontes documentais, de registos de petições de passaportes, de entrevistas a especialistas, assim como de relatos de vida dos emigrantes e seus descendentes, esta publicação é a reconstrução da trajectória de centenas de famílias que partiram rumo ao desconhecido à procura de uma vida melhor.
Esta é uma investigação sobre a vida real, a dor, o amor: recordamos o sentimento de tantas mães e avós que viram partir os seus filhos e netos para terras distantes. Há uma diferença entre ‘estar’ numa terra e ‘ser’ dessa terra. Quem parte nunca deixa de ser e muitos dos que nunca lá estiveram, como os filhos ou netos dos emigrantes, têm-na como referência do que são.
Não é fácil falar do não-regresso, do não-reencontro e como é que estas realidades marcam a vida concreta de quem vive noutro país. Sabemos que há muitos motivos para estes não-regressos, para além da impossibilidade de reunir recursos económicos para concretizar a visita à terra natal: há quem nunca quisesse voltar; quem perdeu raízes e deixou de querer reencontrar-se com um passado que lhe passou a parecer vazio; quem se integrou de tal forma no local de destino que passou a ter outra terra como referência identitária; quem não tinha nada para “mostrar” como prova do sucesso da emigração e ficou refém desta vergonha; quem morreu jovem ou vítima de violência e acidentes…
A ilha ficou longe, cheia de imagens, sentimentos e significados – a terra natal, o calor do lar familiar, a lembrança desse ser querido que já partiu, as brincadeiras de criança.
“Eu vou bem graças a Deus, só com muitas saudades que nem tenho tido vontade de escrever, quando começo choro, mas o que se há de fazer, cada um com as suas dores”.
Estes nossos antepassados merecem ser olhados de outra forma, sobretudo aqueles que foram, mais do que emigrantes, construtores de uma sociedade nova num mundo desconhecido, com as ferramentas de que dispunham e procurando replicar as sociabilidades que lhes eram familiares.
SOBRE OS AUTORES
Octávio Carmo, natural de São Roque do Faial, Madeira, nasceu a 11 de Maio de 1976. Jornalista, tem licenciatura em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa (UCP) e pós-graduação em património religioso, pela mesma instituição. Colaborou com projectos do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja e do Centro de Estudos de História Religiosa da UCP. Actualmente é Jornalista Chefe da Redacção da Agência Eclésia.
Odília Abreu, natural da Venezuela, nasceu em 1979.Licenciada em Comunicação Social pela Universidade do Minho (UM), tem pós-graduação em Informação Internacional e um Mestrado em Comunicação Social pela Universidade Complutense de Madrid. Dedica-se à coordenação de projectos de cooperação internacional para o desenvolvimento.
“A Casa do Povo de São Roque do Faial agradece aos autores, Octávio Carmo e Odília Abreu todo o trabalho e dedicação que colocaram na elaboração desta obra que ficará para a História da nossa freguesia e da nossa região. Agradecemos, também, às entidades que nos apoiaram, nomeadamente: ao Governo Regional através do PRODRAM 2020 e da ADRAMA, à Câmara Municipal de Santana e à Junta de Freguesia de São Roque do Faial. O nosso muito obrigado”, concretizou Heliodoro Dória, presidente da Casa do Povo local.