Ricardo Augusto
Ricardo Augusto
O conceito de uma alimentação baseada em frutas, legumes, grãos, nozes, sementes e outros ingredientes não animais está cada vez mais a transformar a forma como a sociedade ocidental come.
Esta mudança surge porque, ao contrário do “vegetarianismo” e do “veganismo”, uma alimentação baseada em vegetais não se baseia no evitar, mas sim no apreciar. Aqui não se trata simplesmente de subtrair a carne e o peixe de equação mas sim optar por uma variedade imensa e extensa de “outros” ingredientes.
Estamos a assistir a uma nova batalha onde os jogadores já não são os “velhinhos” carne vs peixe. Este novo “player” chegou e lentamente começou a dar “cartas”.
Cada vez mais os acompanhamentos estão se tornando pratos principais, e pratos principais estão se tornando acompanhamentos. Cada vez mais os consumidores estão a optar um “veganismo casual” eliminando das suas dietas (não na totalidade) a carne ou os produtos derivados de animais.
O acesso a uma vastíssima gama de receitas baseadas em vegetais ou outros novos produtos extremamente saborosos é uma realidade e a informação sobre esses mesmos ingredientes, assim como sobre os efeitos positivos que a alimentação sem carne tem na saúde e no bem-estar, estão também ajudar na aceitação desta ideia junto do público em geral.
Para “ajudar à festa”, muitos destes novos alimentos à base de plantas imitam a aparência e o sabor dos produtos animais, incluindo a carne de vaca, o frango, o camarão e mesmo os laticínios. Graças à pesquisa multidisciplinar e a um composto de ferro conhecido como “heme”*, os hambúrgueres Impossíveis à base de batata e soja, por exemplo, são praticamente indistinguíveis dos “verdadeiros”.
O mercado está a responder em força e hoje já podemos encontrar ofertas de pratos à base de vegetais em restaurantes de topo, refeitórios de empresas e roulottes de rua. Falamos de pratos imensamente criativos e inclusive os Chefes de Cozinha da “velha escola” estão a aderir à nova tendência. Um dos melhores exemplos é o do principal restaurante do Alain Ducasse em Paris que retirou por completo do menu todos os pratos à base de carne.
Em resumo, a alimentação baseada em vegetais é também um conceito que reúne toda uma série de questões sociais e éticas desde a agricultura industrial, ao uso eficiente dos recursos naturais e aos efeitos do consumo excessivo de carne e seus transformados na saúde humana.
Quando o “Verão” terminar e o Outono começar, nós na Calheta também vamos iniciar uma “jornada” no mundo das plantas mas devo confessar que não de uma forma tão radical como aconteceu em Paris.
*É uma molécula essencial que se encontra em todas as plantas e animais vivos – mais abundantemente em animais. No fundo é o que faz a carne ter gosto de carne.