Com a segunda exposição do presente ano letivo, a coordenação da Galeria Espaço Mar acredita que o trabalho da artista convidada contribuirá significativamente para enriquecer o cenário cultural da nossa comunidade escolar, social e artística.
A artista plástica Susana Figueira é a segunda convidada da coordenação da Galeria Espaço Mar, da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, no presente ano letivo, a expor no referido estabelecimento de ensino, o que acontece já na próxima quinta-feira, dia 30 de janeiro, às 18h00.
Nascida na África do Sul, mais concretamente em Durban, Susana Figueira vive e trabalha atualmente em Portugal continental, mas aceitou o desafio lançado pela coordenação da Galeria Espaço Mar para apresentar “Carnaval”, naquela que é uma criação artística, onde a convidada aborda analogias e temáticas situadas entre o fantástico e o imaginário medieval, incorporando o grotesco em seres lúdicos que exploram a ironia das relações sociais num contexto popular religioso e profano.
Com a segunda exposição do presente ano letivo, a coordenação da Galeria Espaço Mar acredita que o seu trabalho contribuirá significativamente para enriquecer o cenário cultural da nossa comunidade escolar, social e artística, pelo que a sua participação será uma oportunidade única para os visitantes do referido espaço cultural sediado na Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco conhecerem o seu trabalho.
“Carnaval”
Susana Figueira apresenta-nos “Carnaval”, a concentração do seu mais recente trabalho numa reunião de obras que consistem no jogo particular, organizado e sarcástico entre o belo, o absurdo e a burla, situando como epicentro uma dinâmica de púlpitos encimados por pregadores que na sua condição superior e patética nos interpelam com as suas presenças desajeitadas, elegantes e perturbadoras que inseridos nesta pequena e ornamentada arquitetura, são uma vez mais, a prova da sua exploração pictóricado horror vacui. Perante isto, é-nos apresentado um cenário grotesco de universo rabelaisiano (François Rabelais 1494 – 1553) dedicado à época festiva que nos afasta da realidade e que consiste num escape para enaltecer os estados irracionais e animalescos do comportamento humano.
Ao longo da sua carreira, Susana Figueira tem desenvolvido uma prática artística de investigação/produção que parte da história do grotesco, mais precisamente desde o cerne da pintura dos retábulos medievais (em especial, obras do gótico valenciano) que passam pela recuperação estética de motivos medievais e/ou góticos reclamando uma atenção especial, quer no fino detalhe, quer no enquadramento da rica história do comportamento humano que, na nossa opinião, é de uma contemporaneidade complexa e pouco assumida. Nela se inscreve a ordem patriarcal do poder, do medo, da celebração do festivo em oposição à normalização e ao controlo racional da própria vida. Por outro lado, há uma constante aplicação e recuperação oficinal dos modos de fazer de tempos remotos, aplicando materiais e técnicas antigas, como o esgrafiado, a policromia a têmpera ou o douramento, projetando para os nossos dias a essência da estranheza e da surpresa nas particularidades materiais de tal anacronismo. A sua principal intenção passa por proporcionar um momento de admiração e cumplicidade entre os visitantes através do riso.
Artista com vasto currículo
Conforme referido anteriormente, Susana Figueira nasceu na África do Sul, mas atualmente reside e trabalha em Portugal Continental.
Em 2005, concluiu o Diploma de Estudios Avanzados (DEA) na Facultat deBellesArts de San Carles/Universitat Politècnica de València, Espanha. Em 2003, obteve uma bolsa de mobilidade do MECD (Ministério da Educação, Cultura e Desporto, no âmbito do programa de doutoramento em Artes Visuais e Intermédia, UPV. Em 2001, concluiu a licenciatura em Artes Plásticas/Pintura – Departamento de Arte e Design/UMa. Entre 1999 e 2000, beneficiou de uma bolsa Erasmus, como estudante free-mover na Facultat de Belles Arts de San Carles, Valência, Espanha. Tem dedicado parte da sua investigação plástica e interesse pelo restauro e conservação de obras de arte, destacando-se a sua participação no restauro da Catedral de Valência (2000). Devido a este tipo de experiência, desenvolve um trabalho híbrido, com técnicas pictóricas antigas, desde o douramento e a policromia à pintura a têmpera, entre outras.
Na sua obra são criadas analogias entre o fantástico e o imaginário medieval, incorporando o grotesco em seres zombeteiros que exploram a ironia das relações sociais e iminentemente populares no seio do lúdico.